Descrição de chapéu cracolândia

Polícia invade nova cracolândia no centro de SP; vídeo mostra a ação

Ação na rua Doutor Frederico Steidel é a primeira desde a megaoperação que esvaziou praça; polícia diz que busca prender traficantes

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São Paulo

Uma nova ação policial para dispersar a cracolândia foi deflagrada nesta quinta-feira (19) no recém-montado acampamento na rua Doutor Frederico Steidel, entre as avenidas São João e Duque de Caxias, no centro de São Paulo. É a primeira operação da polícia desde a retirada dos usuários da praça Princesa Isabel, no dia 11.

Houve correria no local quando chegaram os agentes da Polícia Militar da GCM (Guarda Civil Metropolitana). Moradores de rua e dependentes correram para o terminal Amaral Gurgel.

As pessoas que estavam no chamado fluxo — termo usado para identificar a concentração de usuários de droga— receberam ordens para se sentarem no chão. Um grupo de sete delas passou no portão de uma casa na rua e foi retirado pelos policiais.

De acordo com o delegado Roberto Monteiro, da 1ª Delegacia Seccional do Centro, a operação tinha como objetivo prender traficantes. Segundo o delegado, os últimos três dias em que o fluxo de usuários se alternou entre as ruas Helvétia e Doutor Frederico Steidel ajudaram as equipes de inteligência a identificar traficantes.

A rua Doutor Frederico Steidel se tornou um dos principais pontos de concentração dos usuários de drogas desde a realização da ação policial que esvaziou a praça Princesa Isabel, a cerca de 1 km dali. Nos últimos dias, o grupo tem se alternado entre a via e a rua Helvétia, no lado oposto da avenida São João.

Desde esta quarta-feira, barracas começaram a ser montadas na Frederico Steidel. De acordo com a polícia, essas estruturas são usadas pelos traficantes para vender drogas sem serem flagrados por câmeras de segurança e drones da GCM. ​

Especula-se que a rua tenha sido escolhida para os acampamentos por ser menos habitada e ter menos comércio do que a Helvétia, que tem maior trânsito de veículos.

Outra hipótese é a tentativa de evitar corte no fornecimento de energia devido a roubos de fios elétricos, o que levou técnicos à rua Helvétia após o fluxo ter passado a noite lá.

Após serem revistados pelos policiais nesta quinta, os usuários voltaram a ocupar a Helvetia. Desde terça-feira (17) uma unidade emergencial do Siat (Serviço Integrado de Assistência Terapêutica) está montada na rua para oferecer atendimento aos usuários. No local, estavam sendo distribuídos cobertores e havia previsão de servir comida durante a madrugada.

Ao comentar a operação, o delegado afirmou que "os usuários serão recebidos com sopa quente e cobertores na tenda montada no estacionamento do 77° DP".

No lugar, segundo o secretário-executivo de Projetos Estratégicos, Alexis Vargas, que coordena o programa da prefeitura sobre o tema, será instalada uma unidade do Caps AD (Caps AD Centro de Atendimento Psicossocial para Álcool e Drogas) e estrutura para pernoite.

Na megaoperação do dia 11, cinco pessoas foram presas —outros dois traficantes foram detidos desde então, segundo a 1ª Delegacia Seccional do Centro. No dia seguinte à ação, um homem, Raimundo Nonato Fonseca Júnior, 32, morreu baleado durante um tumulto enquanto usuários de deslocavam em busca de novos pontos de concentração.

Um policial civil que acompanhava o deslocamento é acusado de ter atirado contra o grupo. O DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa) investiga se o disparo matou o usuário de drogas.

A ofensiva na praça Princesa Isabel é investigada em inquérito civil aberto pelo Ministério Público de São Paulo, que vê semelhança na violência da ação com a operação que ficou conhecida como "dor e sofrimento", de 2012.

Além disso, segundo relatos colhidos por uma comissão da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) que acompanhou a retirada das pessoas do espaço, moradores de rua e dependentes químicos foram chamados de "zumbis, podres e carniça".

De acordo com depoimentos de testemunhas, houve casos de agressão durante a abordagem policial, inclusive contra moradores da região que passavam pelo local na hora da megaoperação. ​

Vargas, da prefeitura, refuta as acusações de violência durante a operação. "Havia ao menos cinco veículos de imprensa presentes e nenhum filmou atos de truculência", disse nesta semana. "Não houve nenhuma violação de direitos humanos, não teve nenhuma unha quebrada."

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