Luiz Adauto da Justa Medeiros conquistou uma das maiores homenagens que existem para um matemático: um teorema com seu nome. Professor emérito do Instituto de Matemática da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), ele construiu uma trajetória importante como educador e pesquisador.
O professor, nascido em 1926 no Ceará, aprendeu a ler e a escrever com a ajuda das tias.
Em 1944, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde cursou científico. A família queria que ele estudasse medicina, mas o interesse pela matemática mudou o seu caminho.
Em 1948, foi aprovado no vestibular da Universidade do Brasil —atual UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro); em 1951, concluiu a licenciatura em matemática e, em 1956, o bacharelado. O convite para trabalhar como professor na universidade veio em 1952.
Em 1960, Luiz Adauto foi encaminhado ao matemático Felix E. Browder (1927-2016), referência mundial na disciplina, com quem trabalhou na Universidade de Yale e na Universidade de Chicago (ambas nos Estados Unidos).
No país, Adauto iniciou a tese de doutorado na área de equações hiperbólicas não lineares, concluída cinco anos depois no Impa (Instituto de Matemática Pura e Aplicada), no Rio. Depois fez pós-doutorado na Universidade de Paris, na França.
Considerado por seus pares um dos matemáticos mais produtivos do Brasil, aos 91 anos ainda publicava artigos.
"Ele acreditava que a matemática só seria fortalecida no Brasil com a formação de recursos humanos", afirma a amiga Angela Rocha dos Santos, professora titular aposentada da UFRJ, ex-aluna e amiga.
Reconhecido no Brasil e na América do Sul, Luiz Adauto formou grupos de pesquisa sobre equações diferenciais parciais em diversas universidades do continente. Por isso, recebeu título de "doutor honoris causa’’ pela Universidade Nacional Maior de São Marcos, em Lima, e Universidade Nacional do Callao, em Callao (ambas no Peru).
Autor de 17 livros e mais de 100 trabalhos, o professor batiza o teorema "Medeiros Uniqueness" no livro "Uniqueness and Nonuniqueness Criteria for Ordinary Differential Equations", de R.P. Agarwal e V. Larkshmikanthan.
Luiz Adauto morreu dia 4 de junho, aos 96 anos, no Rio. Deixa a esposa, quatro filhos, oito netos e um bisneto.
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