Descrição de chapéu Obituário Victoria Nisencwajg Schwartsman (1941 - 2022)

Mortes: Advogada e ex-atriz mirim, adorava viagens, cinema e culinária

Victoria sabia do que gostava e mergulhava de cabeça em suas paixões

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São Paulo

Victoria Nisencwajg Schwartsman podia parecer onipotente: carregava a família nas costas como se não fizesse esforço.

Às vezes, parecia onipresente: desdobrava-se para cuidar de todo mundo, e todo mundo sabia que podia contar com ela.

E, às vezes, parecia onisciente. Há quase 50 anos, quando viajaram para a Europa, fez questão de encher uma mala com sopinhas Nestlé, o único alimento palatável para o caçula André, então com três anos.

Victoria Nisencwajg Schwartsman em 2002 - Divulgação

Foram em vão os protestos de Marcos, seu marido. Ele insistia que o produto poderia ser comprado em lojas europeias, mas Victoria não deu bola.

Quando chegaram ao destino, quiseram tirar a prova; compraram a sopinha por lá e... Bingo! O gosto era outro, e André só comeu os itens levados graças à providência de Victoria.

Viajar sempre foi uma de suas paixões. Rodou os quatro cantos do mundo com Marcos e, depois que ele morreu, em 2013, teve a companhia da filha mais velha, Annette.

Nos últimos anos, como o avanço da idade tornou os aviões um meio de locomoção mais complicado, passaram a se deslocar de navio.

Victoria sabia do que gostava e mergulhava de cabeça em seus prazeres. O cinema era um deles.

"Ela era rata da Mostra de Cinema", diz Annette. "Via 5 ou 6 filmes por dia. Fez isso desde a primeira edição até o começo da pandemia."

Victoria até teve oportunidade de trabalhar do outro lado da tela: na infância, foi atriz mirim no "Sítio do Pica-Pau Amarelo", mas a carreira não deslanchou.

Victoria Nisencwajg Schwartsman por volta da década de 1960 - Divulgação

Sua veia cultural era forte, pois se aventurou como bailarina até a juventude e, depois de adulta, abraçou a culinária.

"Cozinhava super bem", conta Annette. Não só cozinhava: fazia comida, enchia o freezer dos filhos, organizava as receitas num livro, copiava as páginas e as distribuía para a prole guardar.

Sua influência também alcançava as questões de fé. "Todos os filhos puxaram dela um ateísmo ferrenho. Cinéfilos e ateus", afirma a primogênita.

O filho do meio, o colunista Hélio Schwartsman, já se descreveu na Folha como judeu relapso que não entrou em uma sinagoga mais que meia dúzia de vezes.

Apesar das inclinações artísticas, Victoria se formou em direito e se engajou na área trabalhista, assim como Marcos.

Victoria Nisencwajg Schwartsman e Marcos na década de 2000 - Divulgação

Quando se conheceram, ele tinha viagem marcada para a Europa. Preocupado com o romance, perguntou se ela o esperaria. Victoria disse que não, e Marcos cancelou os compromissos. Casaram-se em 1960 e viveram juntos por 53 anos.

Com a saúde se debilitando desde que o marido morreu e sofrendo com Parkinson, Victoria teve uma parada cardíaca e morreu no dia 1º, aos 80 anos. Deixa três filhos e cinco netos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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