Slogans imortalizados no mercado publicitário, como "Tropeçou, caiu, machucou? Passa Gelol que passa" nasceram da criatividade de José Luiz Nammur.
Paulistano de Pinheiros (zona oeste), ele aprendeu sozinho a tocar violão ainda criança, apenas observando as aulas dadas para seu pai e sua irmã, Lúcia. Foi ela, inclusive, que deu a ele o apelido de Zelão, que usaria por toda a vida.
Contra a vontade do pai, ele logo passou a ter aulas. Foi apresentado à bossa nova pelo compositor Luiz Roberto Oliveira.
Zelão foi aprovado na faculdade de direito na USP, mas desistiu para se dedicar à música. Também trabalhou em outras áreas, inclusive como vendedor e em uma fábrica de móveis.
Na época de ensino médio, trabalhou como "faz tudo" em um jornal de bairro, no qual tinha duas colunas —de discos e de cinema— e vendia anúncios.
Mas sua paixão era mesmo a música. Tornou-se violonista profissional e conviveu com nomes como Toquinho, Geraldo Vandré, Chico Buarque e Maria Bethânia. Aos 16 anos, compôs com o cantor Roberto Morel (1926-1991) a música "Pingo d’Água", a primeira de uma longa parceria.
Em 1967, o violonista conheceu o mundo dos jingles —fez canções para marcas como Galinha Azul (Maggi), Gelol, Kolynos, Café do Ponto e Coca-Cola. Foram mais de 6.000 ao longo da carreira, segundo a empresária Valéria Lima de Azevedo Nammur, 63, sua segunda mulher.
No final da década de 1960, assumiu o comando do setor de rádio e TV da agência de publicidade McCann Erickson.
No currículo também constam passagens em produções musicais para teatro e televisão. A convite de João Araújo, pai de Cazuza, produziu duas músicas para a novela Bandeira 2 (Globo, 1971). Zelão fez parte da produtora Sonima e depois abriu o próprio negócio, o New Zelão Estúdio, que também alcançou destaque na publicidade.
O violão continuou sendo um parceiro. Até antes da pandemia, segundo Valéria, o marido fez alguns shows em bares. Nos últimos tempos, Zelão estava como responsável pelo marketing e pela criação de peças e anúncios na Logweb, empresa da mulher.
A combinação de amigos, violão e cerveja era a preferida.
Zelão morreu dia 19 de agosto, aos 75 anos, em decorrência de insuficiência cardíaca e respiratória. Deixa a mulher, quatro filhos e quatro netos.
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