Descrição de chapéu Obituário Andréa Borghi Moreira Jacinto (1970 - 2022)

Mortes: Teceu relações com empatia e sorrisos

A antropóloga Andréa Borghi Moreira Jacinto deixou São Paulo para construir carreira, família e um emaranhado de afetos pelo país

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São Paulo

O sorriso sempre estampado no rosto, aonde quer que fosse e com quem estivesse, era a tradução mais precisa da cientista social Andréa Borghi Moreira Jacinto.

Alegre, amorosa, apaixonada pela vida –principalmente a dos outros– e por tricô, Andréa teceu um emaranhado de afetos durante seus 52 anos de vida.

Paulistana, nasceu no dia 21 de junho de 1970. Era final de Copa do Mundo, no estádio Azteca, no México. Andréa costumava dizer, orgulhosa, que nascera aos 71 minutos de jogo, quando Jairzinho, o furacão da Copa, marcava o terceiro gol no tri canarinho.

Andréa Borghi Moreira Jacinto (1970-2022)
Andréa Borghi Moreira Jacinto (1970-2022) - @Andrea Borghi no Facebook

Por lá, vitória por 4 a 1 sobre os italianos, e fim de um ciclo, o da taça Jules Rimet –entregue definitivamente aos brasileiros, depois à história. Por aqui, o início de um ciclo de vida também digno de aplausos.

Andréa tinha o poder natural da empatia. Não se esforçava para conquistar todos a sua volta. Estudiosa, gostava de uma boa prosa e adorava coletar histórias. Estar cercada de vida era o que a fazia mais feliz. "Ela sorria, acolhia e arrumava um lugar. Para gente ou para bicho. Tratava bicho como gente. E gente como gente", diz a amiga Juliana Saenger.

O interesse pela vida humana a levou à graduação em ciências sociais na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), depois veio a especialização em saúde coletiva pela Fundação Oswaldo Cruz, o mestrado em antropologia social pela mesma Unicamp onde se graduara e o doutorado em antropologia pela Universidade de Brasília.

Como antropóloga, Andréa desenvolveu pesquisas sobre povos indígenas, comunidades tradicionais, saúde, políticas públicas e direito ambiental. Em 2003, integrou o quadro de professores do primeiro programa de pós-graduação em direito ambiental da Universidade do Amazonas, onde permaneceu por dez anos.

Durante a estadia em Manaus, conheceu Leonardo Jaques. Namoraram e constituíram uma família com o nascimento, em 2007, da "maricotinha", que é como chamam Sofia.

Em 2012, a família partiu para Brasília, onde Andréa continuou lecionando em instituições como o Instituto de Educação Superior de Brasília, e o Instituto Federal de Brasília. Também foi parte do quadro de funcionários do Ministério da Saúde, desenvolvendo ações em saúde mental, drogas e relações internacionais.

Ao final de 2021, recebeu, enquanto se preparava para um pós-doutorado, o diagnóstico de câncer. A doença evoluiu muito rápido.

Andréa Borghi Moreira Jacinto morreu no dia 20 de agosto, dez meses após seu diagnóstico. Durante todo o tratamento, distribuiu carinho, afeto, respeito e interesse por todos os envolvidos em seus cuidados. "Era difícil alguém entrar em seu quarto no hospital e não deixar um dedo de prosa ou uma troca de sorrisos", conta seu companheiro, Leonardo Jaques.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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