Ladrões usam internet para vender carros roubados em SP

Dois suspeitos de integrar quadrilha foram presos; polícia estima que mais de cem veículos clonados já foram comercializados

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São Paulo

Criminosos estão usando plataformas de venda na internet para comercializar carros roubados sem que os compradores saibam, alerta a Polícia Civil. O 56º DP (Vila Alpina) apreendeu, entre o dia 16 e a quarta (21), 12 veículos clonados que haviam sido vendidos pelo bando com o auxílio de documentação falsa.

Uma mulher de 28 anos e um homem de 32 foram presos sob a suspeita de integrar a quadrilha. A defesa deles não foi encontrada.

As investigações começaram após uma vítima procurar a delegacia, no dia 16. Segundo o delegado Jean Tudy dos Santos, o comprador só percebeu o golpe quando foi reconhecer firma em um cartório. "Ele descobriu que o documento [entregue na compra] era falso e nos procurou. Localizamos o carro original, e a pessoa perdeu o veículo [clonado] adquirido e os R$ 95 mil que pagou por ele."

Os criminosos anunciavam na internet a venda de veículos SUV e caminhonetes, com preços de mercado. O valor dos carros apreendidos pela polícia oscila entre R$ 87 mil e R$ 150 mil, segundo a tabela Fipe (Fundação Instituto e Pesquisas Econômicas).

Polícia apreendeu carros clonados que bando anunciava e vendia pela internet - Divulgação/Polícia Civil

A partir da denúncia, o 56º DP instaurou um inquérito. Estima-se que foram comercializados mais de cem carros roubados.

"Eles mantinham anúncios na OLX e na Webmotors. Investigadores passaram a monitorar os anúncios. Dois policiais conseguiram marcar um encontro [com os criminosos] no estacionamento de um shopping, na Mooca [zona leste]", explicou o delegado.

No encontro, ocorrido na quarta-feira (21), compareceu Miziara Clenda de Lima. Quando os policiais constataram que o veículo oferecido por ela era clonado, foi-lhe dada voz de prisão. A partir daí, ela teria explicado aos investigadores como funcionava o esquema.

Segundo o boletim de ocorrência do caso, a mulher presa sabia estar vendendo carros roubados e com documentação falsa. Ela receberia 10% sobre o valor de cada veículo.

Em depoimento, a suspeita presa teria informado o endereço de quatro estacionamentos, onde os veículos clonados eram mantidos, na capital paulista e na região metropolitana.

Em um deles, na zona leste paulistana, outro suspeito, Juvenal Décio Dorcelino Júnior, foi detido. Com ele foi encontrado um documento, indicando um quinto estacionamento, em São Caetano do Sul, no ABC, onde mais carros roubados foram encontrados. Ao todo, a polícia apreendeu 11 veículos.

Para enganar os compradores, os bandidos adulteravam documentos de forma que os números dos chassis e as placas dos carros clonados coincidissem com os laudos falsificados. "O laudo fabricado por eles dava certinho. Esse é o esquema deles", explicou o delegado Santos.

O início das negociações era feita via mensagem de texto, para que eventuais encontros presenciais fossem marcados.

A polícia explica que os compradores não devem ser indiciados por receptação de produtos roubados caso não tenham percebido a falsificação dos documentos. Com a constatação do golpe, porém, os veículos precisam ser apreendidos, e as vítimas perdem o dinheiro pago.

As investigações continuam para localizar e prender os demais membros da quadrilha, já identificados.

A Webmotors afirmou, em nota, atuar como intermediadora, conectando interessados na compra e venda de veículos, fornecendo "todo o apoio necessário". A empresa reforçou adotar "as mais rígidas regras de segurança digital" na comunicação com clientes, parceiros e usuários.

A plataforma orienta ainda que, antes de concluir um negócio, os interessados devem buscar informações sobre o vendedor e desconfiar de preços discrepantes do que é usual do mercado ou de contatos que ocorram fora da plataforma (site ou aplicativo), recomendando também evitar pagamentos via Pix.

Também em nota, a OLX afirma "que não é citada no boletim de ocorrência ou nos autos da investigação e que o caso não teve anúncios publicados em sua plataforma".

Dicas para não comprar um carro clonado

O delegado Jean Tudy dos Santos orienta para não sejam aceitos laudos já prontos no momento da compra de um veículo. "Obrigue o vendedor a fazer um novo laudo, com a presença do comprador, em uma empresa de supervisão. Se isso não ocorrer, significa que o documento apresentado é frio."

Outra orientação é para que, no momento do reconhecimento de firma, o vendedor também vá ao cartório, para a verificação de sua assinatura. "Só pague pelo veículo após o reconhecimento das assinaturas", acrescentou Santos.

Por fim, o delegado sugere para que jamais sejam feitos depósitos em contas bancárias em nome de terceiros.

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