Independentemente da sentença do julgamento da Air France e da Airbus no caso do acidente do voo AF447, que começou nesta segunda-feira (10), em Paris, a tragédia já teve um impacto importante na melhoria da segurança aérea no mundo. O avião, que fazia a rota Rio de Janeiro-Paris, caiu em 1º de junho de 2009 no oceano Atlântico causando a morte de 228 pessoas.
Para especialistas e profissionais da aviação entrevistados pelo jornal La Croix, poucos acidentes causaram uma evolução tão importante nos procedimentos de segurança. Além de melhorias no material, a catástrofe também provocou questionamentos sobre a formação dos pilotos.
Na noite da tragédia, as sondas de velocidade Pitot presentes no Airbus A330, que permitem aos pilotos controlar a velocidade do avião, congelaram e enviaram informações incoerentes para os pilotos. Mas, desde o acidente, a regulamentação internacional sobre estes instrumentos evoluiu.
Hoje, um sistema de emergência de avaliação da velocidade que não depende de captores existe em todas as aeronaves, lembra o consultor de aeronáutica Xavier Tytelman, entrevistado pelo jornal La Croix. Além disso, aviões de última geração passaram a contar também com captores de velocidade nos motores e as sondas usadas devem ser fabricadas por diferentes construtores.
A formação e o treinamento dos pilotos também foram profundamente revistos. As sessões de simulação de voo colocam os pilotos em situações praticamente impossíveis e imprevistas pelos construtores. A maioria das companhias também passou a considerar o fator humano diante de situações anormais ou de emergência.
Para especialistas, o drama do Rio-Paris, o pior na história da Air France, elevou a segurança aérea a um nível excepcional.
Tenacidade
O jornal Le Figaro destaca a tenacidade dos familiares das vítimas, que conseguiram colocar no banco dos réus duas das maiores empresas francesas.
Em 2019, o Tribunal de Grande Instância de Paris arquivou o caso por considerar que não havia provas suficientes contra a Air France e a Airbus, o que causou a revolta das famílias que apelaram da decisão.
Em maio de 2021 o Tribunal de Segunda Instância de Paris ordenou que a construtora e a companhia aérea voltassem ao tribunal por homicídio culposo.
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