Descrição de chapéu Rio de Janeiro

Celsinho da Vila Vintém, fundador da facção ADA, será solto após 20 anos

Decisão ocorre após suspeita de armação em investigação que condenou o traficante, que já foi o mais procurado do Rio

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Rio de Janeiro

O traficante Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, deve sair da prisão nesta terça (18), após 20 anos da sua última prisão. Fundador da facção ADA (Amigo dos Amigos), o criminoso teve liberdade concedida pela Vep (Vara de Execuções Penais), do Rio de Janeiro.

Ao ser preso, em 2002, Celsinho era considerado o criminoso mais procurado do Rio, mas tentou minimizar sua influência. "Não sou tudo isso que estão falando. Sou devagar. (...) Sou bandido, sou traficante. Gosto de vender meu pozinho e minha maconha na Vila Vintém e no Curral das Éguas", disse, na ocasião, em entrevista coletiva na delegacia.

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Celsinho da vila Vintem, apontado como chefe da ADA, fala no julgamento de Fernandinho Beira-Mar, seu rival - Ricardo Borges - 13.mai.2015/Folhapress

O nome de Celsinho, que tem 52 anotações criminais, voltou a ser citado em operação de setembro deste ano, que levou à prisão o ex-chefe de Polícia Civil do Rio Allan Turnowski.

De acordo com a Promotoria, o delegado Maurício Demétrio, que atuaria em favor do jogo do bicho com Turnowski, teria negociado a transferência de Celsinho para uma penitenciária de segurança máxima. A medida seria para ajudar um bicheiro que atuava na zona oeste do Rio, que seria área de influência de Celsinho.

Ainda de acordo com a Promotoria, Celsinho foi incluído no inquérito de uma invasão da Rocinha, em 2017, com a suposta ajuda do delegado Antônio Ricardo Lima Nunes, na época, titular da 11ª DP, quando não havia nada contra o chefe do tráfico da Vila Vintém nesse caso. A ação seria para beneficiar o bicheiro.

Em nota, o advogado de Demétrio, Leonardo Dickinson, disse que "as alegações trazidas pelo Ministério Público não condizem com a realidade e confia na absolvição integral do delegado ao final da ação penal"

Celsinho foi condenado a partir desse inquérito, mas diante da suspeita levantada pela Promotoria, a sua defesa entrou com um habeas corpus. Na sexta (14) foi concedido um alvará de soltura pela desembargadora Suimei Cavalieri, da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio.

Na segunda (17), a Vara de Execuções entendeu que não havia motivos para Celsinho ser mantido preso.

"Não havendo pena privativa de liberdade a ser cumprida definitivamente, e, revogada a prisão preventiva mantida negando direito de recorrer em liberdade, não se suporta mais a enxovia no presente feito, importando na imediata expedição de alvará de soltura em beneplácito do reeducando", decidiu o juiz Marcelo Rubiolli, da Vep.

Turnowski teve a prisão revogada e nega participação no esquema. O advogado do delegado Nunes disse, em setembro, que no decorrer do processo haveria a apresentação de provas da "atuação ética e profissional do Dr. Antônio Ricardo".

A defesa de Celsinho comemorou a decisão. "A 3ª Câmara criminal e, agora, a Vep, apenas desfizeram a enorme injustiça imposta ao Celso, incriminado em razão de interesses escusos, presunções preconceituosas de culpa e investigações mal feitas", disse o advogado Max Marques.

Celsinho já foi testemunha de Beira-Mar, seu rival

No mesmo ano de sua prisão, Celsinho da Vila Vintém foi poupado da morte por Fernandinho Beira-Mar, seu rival, um dos chefes do CV (Comando Vermelho).

De acordo com a Promotoria, no Complexo Penitenciário de Bangu, Beira-Mar imobilizou guardas e atravessou oito portões em busca de Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, que era integrante do CV mas uniu-se à ADA. Uê foi acusado de assassinar Orlando Jogador, que era um dos principais chefes do CV, antes de sair da facção.

Na rebelião, além de Uê, foram mortos mais três presos. Em julgamento sobre o caso, Celsinho afirmou ter sido poupado pois a família de Beira-Mar passou a ter amizade com a sua no setor de visitas do presídio.

Censinho chegou a ser testemunha de defesa de Beira-Mar, que foi condenado a 120 anos pelas mortes. "Vim aqui, como testemunha dele, para pagar a dívida, por terem me deixado vivo", afirmou.

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