Livro sobre desigualdade social e racial reúne artigos de 34 escritores negros

Obra discute desigualdade social e racial a partir da Independência brasileira

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São Paulo

A coletânea "Brasil 200 anos – A resistência negra ao projeto de exclusão racial" foi lançada nesta segunda-feira (10), no Itaú Cultural, em São Paulo. Com 34 artigos escritos por 18 mulheres e 16 homens negros, a obra traz reflexões sobre a desigualdade social e racial a partir dos 200 anos da Independência do Brasil.

Nesta quinta-feira (13), o evento de divulgação do livro será no Rio de Janeiro.

Entre os nomes que deram contribuição à obra estão os de Ana Maria Gonçalves, Anielle Franco, Ana Flávia Magalhães Pinto, Bianca Santana, Edna Roland, Zélia Amador de Deus e os colunistas da Folha Djamila Ribeiro, Cida Bento e Michael França.

"Todos esses autores dedicam suas vidas a perscrutar a questão racial. O que nos unifica é não aceitar a exclusão racial no Brasil. A ambição ao escrevermos este livro foi a de ter um país democrático sem racismo", afirmou Sueli Carneiro, doutora honoris causa pela UnB (Universidade de Brasília) e fundadora do Geledés - Instituto da Mulher Negra.

Palco com pessoas em cadeiras aguardando vez para discursar de frente com plateia lotada em auditório
Evento de lançamento do livro "A resistência negra ao projeto de exclusão racial" - Havolene Valinhos/Folhapress

Organizador da coletânea, o professor Helio Santos conta que o livro foi escrito em apenas quatro meses por um coletivo negro com ativismo antirracista.

A iniciativa propõe um país mais justo, com equidade racial. "A Independência foi um grande fracasso se pensarmos na maioria da população brasileira. A desigualdade social tem cor e tem gênero. Somos resistência. Portanto, essa coletânea não é neutra, tem lado", diz o professor.

Santos afirma que, graças ao movimento negro, hoje há uma percepção maior de que o racismo solapa o Brasil. "Mas ainda são necessárias políticas públicas sistemáticas para combatê-lo."

Edna Roland, do Observatório do Racismo do Programa de Estudos pós-graduados de Ciências Sociais da PUC-SP, falou sobre a importância da militância negra e comentou como esse processo fez com que se pensasse quem é o negro e a negra no Brasil. "Hoje as pessoas reivindicam serem negras, fruto do que a minha geração realizou, que milita há mais de 30 anos."

Roland chamou a atenção para as ações afirmativas e pontuou que um dos resultados mais importantes são as cotas raciais nas universidades públicas.

Já Nivia Luz, da comunidade Pirajá, mestra em Cultura pela UFBA (Universidade Federal da Bahia), destacou a importância da representatividade. "Os autores dos livros que estão na minha prateleira eu os conheço, eles estão aqui hoje. Este livro é a narração de um país que tenta nos esquecer. Nós não somos minoria, somos maioria."

"Resistência negra ao projeto de exclusão racial – Brasil 200 anos (1822-2022)"

  • Organização de Helio Santos
  • Editora Jandaíra
  • 440 páginas
  • R$ 90
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