Descrição de chapéu Obituário Mohamad Dahhan (1978 - 2022)

Mortes: Refugiado sírio encontrou no Brasil acolhimento e esperança

Mohamad Dahhan morreu ao tentar chegar aos EUA pela fronteira com o México

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São Paulo

Em 2014, Razan Suliman, hoje com 32 anos, e o marido, Mohamad Dahhan, deixaram a Síria com destino ao Brasil para fugirem da guerra. Chegaram ao país com a roupa do corpo e sem falar português.

Para sobreviver, o casal apostou na culinária árabe e cerca de um ano depois abriu um restaurante na garagem da própria casa, no Ipiranga, zona sul paulistana.

Além da comida, a simpatia e o carisma de Razan e Mohamad conquistaram moradores do bairro.

Mohamad Dahhan (1978-2022)
Mohamad Dahhan (1978-2022) - Arquivo pessoal

Veio a pandemia de Covid-19 e, com ela, chegaram a queda no movimento do restaurante e as dificuldades financeiras.

Contra a vontade da esposa, Mohamad programou uma viagem aos Estados Unidos para visitar a mãe doente, em Los Angeles, e trabalhar. A ideia era juntar dinheiro e voltar ao Brasil em um ano.

Mohamad viajou em 19 de julho. Como não conseguiu o visto, tentou entrar no país pela fronteira com o México e, no dia 4 de agosto, morreu afogado no rio Grande.

Só em 29 de setembro Razan soube do ocorrido.

"Nós trocamos mensagens o tempo inteiro da viagem. Conversei com ele até 4 de agosto. Pedi a ele que voltasse. Mohamad disse que em dez minutos atravessaria o rio para ver a mãe e depois nos falaríamos. Ficamos em contato até a travessia e depois ele sumiu. Achei que ele tivesse sido preso", relata Razan.

Segundo ela, os pertences do marido —passaporte e documentos brasileiros, além de cartões bancários— desapareceram. Apenas foi localizada uma identificação árabe.

Mohamad era naturalizado brasileiro. Seu corpo foi enterrado no Texas e a esposa quer trazê-lo ao Brasil.

Natural de Aleppo, na Síria, era o mais velho de quatro filhos. Ainda criança, ele e os irmãos foram abandonados pelo pai, que se casou com outra mulher. A circunstância o obrigou a largar os estudos para trabalhar e ajudar a família.

Até os 35 anos, Mohamad morou com a mãe. Os dois se separaram com a guerra —ela se mudou para os EUA.

"Ele era trabalhador, um bom marido e pai. Tinha muito amor pelos filhos", afirma Razan. Além da mulher, Mohamad deixa três filhos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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