O carioca Fernando Fragoso teve o primeiro contato com a advocacia aos 17 anos, quando começou a trabalhar com o pai, o advogado e jurista Heleno Cláudio Fragoso (1926-1985).
Depois disso, ele entrou no curso de direito da Universidade do Estado da Guanabara (atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro). Lá, se formou em 1973 e também fez mestrado em direito público.
Em paralelo à advocacia, Fernando seguiu a carreira acadêmica. Era professor titular da cadeira de direito penal da Universidade Candido Mendes desde 1981 e da pós-draduação em direito penal econômico da FGV.
Fernando Fragoso morreu dia 8 de outubro, aos 72 anos, de câncer de pâncreas.
Desde 1986, Fernando era membro do IAB (Instituto dos Advogados Brasileiros), entidade que presidiu duas vezes. Também foi membro das comissões de direito penal e de propriedade intelectual. Foi também vice-presidente, secretário-geral e conselheiro da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Rio de Janeiro.
"O país perdeu um grande brasileiro e a advocacia nacional e internacional um dos seus maiores advogados. Fernando honrou a tradição dos grandes criminalistas comprometidos com as liberdades", afirmou o presidente nacional do instituto, Sydney Sanches.
Atualmente, Fernando presidia a FIA (Federação Interamericana de Advogados), sediada em Washington (EUA).
Ao lado dos filhos, Christiano, 46, e Rodrigo Fragoso, 45, era sócio do escritório Fragoso Advogados. "Meu pai foi muito importante para a classe. Ele trabalhou na defesa de presos políticos e migrou para uma advocacia penal econômica, de crimes empresariais", diz Christiano.
"Carinhoso e ao mesmo tempo rigoroso, meu pai era exigente nos estudos e no trabalho. Preocupava-se em dar bons exemplos de dedicação. O mote dele era estudar e trabalhar como caminho para a realização pessoal e profissional", afirmam os filhos.
"Ele costumava dizer ‘não se preocupem em obter recompensas financeiras, porque isso vem com o tempo e o aprimoramento profissional’. Sempre ouvimos isso dele e vamos levar para sempre. Outra lição muito forte que nos deixou foi a preocupação em fazer advocacia discreta, ética, técnica e combativa. Isso o define bem."
Autor de inúmeros trabalhos jurídicos, Fernando era ainda membro do Conselho da International Criminal Bar e tinha licença para atuar perante o Tribunal Penal Internacional, em Haia, na Holanda.
Membro do Conselho Científico do Ilanud (Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para Prevenção do Delito e o Tratamento do Delinquente), fazia parte também do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, da Associação Internacional de Direito Penal (Paris) e da Sociedade Internacional de Defesa Social.
"Ficam a disciplina; o caráter; a coragem de dizer as coisas como elas são, com firmeza, clareza e elegância, sem temer eventual retaliação; e a independência absoluta em relação à sua atividade como advogado", afirmam os filhos.
Fernando amava a família e os muitos amigos que conquistou ao longo da vida. Adorava viajar, mergulhar no mar e ir a sua casa em Angra dos Reis.
Ele deixa a atual mulher, Christina, os filhos Christiano e Rodrigo, as noras Nathalie e Cristiane, e seis netos.
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