Pneu de avião estoura ao pousar, e pista do aeroporto de Congonhas é fechada em SP

Ao menos 230 voos foram cancelados; pista só foi reaberta às 22h, após quase nove horas

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São Paulo

A pista principal do aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, foi fechada após o pneu de um avião de pequeno porte estourar e a aeronave parar rente a um barranco, na tarde deste domingo (9). Ao menos 230 voos foram cancelados, causando transtornos aos passageiros e atrasos em outros terminais no país. A pista só foi reaberta às 22h18, após quase nove horas.

O incidente ocorreu às 13h32, no momento em que a aeronave pousava. Os pneus do trem de pouso traseiro estouraram e o avião derrapou e só conseguiu parar em uma área chamada de taxiway, pouco antes do barranco que fica entre a pista e a avenida Washington Luís, segundo a Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária). Cinco pessoas estavam a bordo da aeronave e ninguém ficou ferido.

Avião sai da pista do aeroporto de Congonhas, na zona sul de SP, e para rente ao barranco próximo da avenida Washington Luís - Reprodução de Twitter @Aeroporto D

Após o incidente, somente a pista auxiliar estava liberada para aviação executiva, já que a pista principal seguia interditada para a retirada da aeronave. Com isso, os voos foram sendo cancelados, causando um efeito cascata.

"Todas as equipes técnicas foram acionadas e as providências necessárias tomadas de imediato para a retirada da aeronave o mais rápido possível", informou a Infraero.

A pista só foi reaberta às 22h18. Segundo a Infraero, até este horário, 73 voos que sairiam de Congonhas e outros 67 que chegariam ao aeroporto foram cancelados.

As investigações sobre a causa do acidente estão sendo conduzidas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes (Cenipa), órgão do Comando da Aeronáutica, afirmou a Infraero.

Nas redes sociais, diversos passageiros publicaram relatos do caos que enfrentavam depois do incidente. O saguão de embarque em Congonhas ficou lotado.

Felipe Moreno, 28, tinha um voo marcado para Maceió, em Alagoas, às 14h30. Apenas às 20h15, ele foi informado de que poderia embarcar em outra aeronave às 23h, no Aeroporto Internacional de Guarulhos, para seguir viagem.

"Meu voo foi adiado cinco vezes. De hora em hora, eles adiavam o voo. Não davam informações, só descobri qual era a razão do atraso quando li a notícia que um avião estourou o pneu", conta.

Segundo ele, o aeroporto está lotado, com filas enormes nos banheiros e restaurantes. "Não cumpriram as regras da Anac, que determinam o que as companhias devem oferecer aos passageiros em caso de atraso. É um descaso enorme", disse.

A esteticista Dayane Ferrari, 30, iria embarcar às 18h para Florianópolis, com os pais e o irmão. Eles são de Boituva (120 km de SP) e só descobriram o atraso ao chegar no aeroporto.

"A gente chegou mais cedo do que pedem e as filas do check-in estavam enormes. Perguntamos para os funcionários e tentamos entender o que estava acontecendo, mas ninguém sabia nos informar."

Ela contou que tentou remarcar as passagens para outro horário ou para um voo com saída pelo aeroporto de Guarulhos, mas não conseguiu fazer pelo guichê da companhia aérea. "Nossa agência de viagem conseguiu remarcar para sairmos por Guarulhos amanhã [segunda, 10] às 5h. Vamos dormir no aeroporto para não perder a viagem", conta.

Os cancelamentos causaram impacto em outros aeroportos do país. Muitos passageiros relatam pelas redes sociais que estão "presos" nas aeronaves aguardando liberação para decolarem em direção a São Paulo.

Por volta das 21h, o Aeroporto Santos Dumont, no Rio, tinha oito voos cancelados. Outros dois encontram-se atrasados, sendo um com destino a Congonhas e outro a Campos dos Goytacazes (RJ).

Além do Rio, voos de outros 13 estados e do Distrito Federal foram impactados pelos cancelamentos. Em Confins (MG), passageiros formavam filas no aeroporto aguardando liberação para embarcar.

O incidente ocorreu próximo a uma das áreas de escape entregues neste ano em Congonhas. Para a construção das duas estruturas, com custo total estimado de R$ 122 milhões, foram importados 30 contêineres de pedras da Suécia. A obra, contratada a partir de licitação, foi tocada por um consórcio formado por empresas da Suíça e do Brasil. Os modelos analisados são de aeroportos dos EUA.

As estruturas de Congonhas, com cerca de 70 metros de comprimento cada nas cabeceiras da pista principal, visam ajudar na frenagem de aviões que não conseguem parar até o limite demarcado no asfalto. Segundo Giuliano Capucho, superintendente de engenharia da Infraero, um a cada cinco acidentes aéreos no mundo tem aeronave que excede os limites do asfalto.

As novas áreas de escape são montadas em estruturas metálicas com cerca de 13 metros de altura além da pista. Como se fossem piscinas, elas são cheias com blocos de concreto poroso, formados com pedras sílicas, e tapados com concretagem fina.

De acordo com Capucho, a estrutura suporta até 100 toneladas —aviões que pousam em Congonhas têm até 70 toneladas de peso, diz ele—, mas estoura a partir de 13 toneladas, afundando a aeronave e ajudando na frenagem. "A área é projetada para ruptura", afirma.

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