Novas áreas de escape em Congonhas serão entregues a partir de março

Estruturas nas cabeceiras do aeroporto visam parar aviões que ultrapassam limites da pista

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São Paulo

As obras da primeira de duas áreas de escape na pista principal do aeroporto de Congonhas entraram na fase final e devem ser entregues até o mês de março, segundo a Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária). A outra está prevista para maio.

O aeroporto da zona sul paulistana será o primeiro no país a ser equipado com Emas (Engineered Material Arresting System, Sistema de Desaceleração com Materiais Projetados, na tradução para o português).

Área de escape inédita no Brasil que está sendo construída na cabeceira 17R do aeroporto de Congonhas deverá ficar pronta em março - Danilo Verpa/Folhapress

O sistema já foi instalado em cerca de 60 cabeceiras de pistas, principalmente nos Estados Unidos.

As estruturas de Congonhas, com cerca de 70 metros de comprimento cada nas cabeceiras da pista principal, visam ajudar na frenagem de aviões que não conseguem parar até o limite demarcado no asfalto. Segundo Giuliano Capucho, superintendente de engenharia da Infraero, um a cada cinco acidentes aéreos no mundo tem aeronave que excede os limites do asfalto.

As novas áreas de escape são montadas em estruturas metálicas com cerca de 13 metros de altura além da pista. Como se fossem piscinas, elas são cheias com blocos de concreto poroso, formados com pedras sílicas, e tapados com concretagem fina.

De acordo com Capucho, a estrutura suporta até 100 toneladas —aviões que pousam em Congonhas têm até 70 toneladas de peso, diz ele—, mas estoura a partir de 13 toneladas, afundando a aeronave e ajudando na frenagem. "A área é projetada para ruptura", afirma.

Para a construção das duas estruturas, com custo total estimado de R$ 122 milhões, foram importados 30 contêineres de pedras da Suécia. A obra, contratada a partir de licitação, é tocada por um consórcio formado por empresas da Suíça e do Brasil. Os modelos analisados são de aeroportos dos EUA.

"Esperamos que a estrutura nunca seja usada, mas se for preciso ela estará lá", afirma o engenheiro, dizendo que as marcas de trilhos deixados por um avião que freia na área de Emas levam cerca de 30 dias para serem reparadas.

Dois protótipos de 5m x 7m cada foram construídos para testes junto à cabeceira visível na avenida dos Bandeirantes. Em outubro do ano passado, elas foram testadas com um caminhão de bombeiros, com peso de aproximadamente 20 toneladas, e afundaram.

A empresa não sabe dizer se áreas de escape como essas poderiam ter evitado o acidente de julho de 2007 com o voo 3054 da TAM, que deixou 199 mortos. Capucho afirma que o relatório da época do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) concluiu que a infraestrutura não foi fator determinante para a tragédia.

"Mas se houvesse uma área de emergência para retensão dessa aeronave e o piloto sabendo dessa condição, a ação adotada por ele poderia ter sido totalmente diferente e a tragédia não ter acontecido", afirmou.

Segundo a Infraero, a construção das duas novas áreas, cujo projeto levou dois anos para sair do papel e começaram em fevereiro de 2021, fazem parte do processo de certificação de Congonhas junto à Anac (Agência Nacional de Avião Civil), que ocorre desde 2019. Já foram instalados novos sistemas de iluminação, além de sinalização vertical e horizontal, por exemplo.

No ano passado, a pista principal recebeu uma reforma no asfalto com a instalação nas cabeceiras do chamado grooving, sistema de drenagem de água que melhora a aderência dos pneus das aeronaves no pavimento. "É como ocorre nas áreas de escape da Fórmula 1."

Capucho admite que as novas áreas de escape devem valorizar o aeroporto em um processo de concessão à iniciativa privada. "Pode render ágio no preço", afirma.

Congonhas e Santos Dumont (no Rio), que segundo a Infraero também tem estrutura para receber sistemas de Emas, são considerados as joias da coroa da sétima rodada de concessões aeroportuárias, prevista pelo governo federal para o primeiro semestre deste ano.

Os dois estão entre os últimos 16 aeroportos administrados pela Infraero que o governo federal quer conceder à iniciativa privada.

De acordo com a Infraero, a conclusão das obras, que serão homologadas cerca de um mês depois de serem concluídas, não irão aumentar o número de voos ou o horário de funcionamento do aeroporto, inaugurado em abril de 1936. A empresa diz que no ano passado o local recebeu cerca de 15,5 milhões de passageiros.

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