Descrição de chapéu Rio de Janeiro

Último manicômio do Rio, Instituto Juliano Moreira é fechado

Pacientes voltaram ao convívio familiar ou passaram a viver em residências terapêuticas, segundo prefeitura

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Campinas

A Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro encerrou definitivamente, nesta quinta-feira (27), o funcionamento do Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira, considerado o último manicômio do município, com o fechamento do último núcleo, o Franco da Rocha.

Os pacientes internados voltaram à convivência familiar ou passaram a viver em residências terapêuticas.

De acordo com a gestão municipal, com esse ato oficial a secretaria conclui o processo de desinstitucionalização de pacientes psiquiátricos na cidade, "um marco da luta antimanicomial e contra o estigma da loucura no país."

Entrada do Núcleo Franco da Rocha, o último a ser fechado no Instituto Juliano Moreira, no Rio de Janeiro - Edu Kapps

O instituto localizado na Taquara, na zona oeste, era conhecido pelo antigo nome de Colônia Juliano Moreira, e no auge, teve 5.300 pacientes internados em seus 79 hospitais e pavilhões, que foram desativados gradativamente ao longo dos anos.

A prefeitura diz que estuda nova finalidade para o último pavilhão fechado, que deverá abrigar um "projeto inovador de saúde mental."

Outros imóveis do antigo complexo psiquiátrico —municipalizado em 1996— foram transformados, por exemplo, em unidades municipais de saúde e habitacionais.

"Hoje nós estamos dando um passo muito importante, o Rio de Janeiro está fechando a Colônia Juliano Moreira. Hoje, 97 pessoas vivem em residências terapêuticas pela cidade e 567 pessoas vivem nas suas próprias casas, recebem seus amigos, e saem desse processo de cativeiro. A gente de fato consegue virar essa página e construir no século 21 um Rio sem manicômio", diz Hugo Fagundes, superintendente de Saúde Mental.

A secretaria explica que, para viabilizar o fim das internações, foram criadas condições para que os pacientes pudessem retornar ao convívio familiar, morar sozinhos ou ter alta para serviço residencial terapêutico.

A mudança pretende resgatar, segundo a gestão municipal, a cidadania e a identidade de pessoas como Marílio Bellot, 69, último paciente a deixar a unidade depois de 12 anos de internação, sendo sete deles no Juliano Moreira.

Agora ele mora em uma casa de três andares, no bairro de Bonsucesso, na zona norte, com outros cinco ex-pacientes do Franco da Rocha. A residência é ligada ao Caps (Centro de Atenção Psicossocial) João Ferreira da Silva Filho.

Marílio Bellot, de 69 anos, último paciente a deixar a unidade depois de mais de 12 anos de internação. - Edu Kapps

Esses moradores recebem suporte de profissionais como psicólogos e assistentes sociais vinculados aos Caps, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, sempre em busca de atividades terapêuticas que ampliem a sua autonomia e socialização, além de cobertura da estratégia de saúde da família para cuidado clínico.

Além disso, o município concede bolsa de incentivo à assistência, acompanhamento e integração fora de unidade hospitalar para pacientes de saúde mental com histórico de longa internação. O benefício é de dois salários-mínimos mensais para pacientes que retornam ao convívio familiar, e de um salário-mínimo para aqueles que ingressam em serviços residenciais terapêuticos.

A Colônia Juliano Moreira foi inaugurada em antigas terras coloniais do engenho de cana e fubá, há 98 anos, e em 1935 recebeu o nome de seu fundador, o médico Juliano Moreira, fundador da disciplina de psiquiatria no Brasil.

Ao longo dos anos, com a redução gradativa no número de internos, muitos imóveis do antigo complexo foram transformados em unidades municipais de saúde e de assistência social, entre elas um hospital de clínica médica, clínica da família, Caps e residência terapêutica de alta complexidade, além de unidades habitacionais e de ensino.

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