Descrição de chapéu Obituário Milton Ozório Moraes (1971 - 2022)

Mortes: Dedicou carreira à pesquisa de doenças negligenciadas

Milton Ozório Moraes cantou reggae e valorizou a produção científica em saúde

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Conhecida casa de eventos carioca, o Circo Voador recebeu, em 1994, a banda

o palco, o vocalista, Milton Ozório Moraes, havia terminado a graduação em ciências biológicas e cursava o mestrado em biofísica, ambos pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

milton ozório posa para foto, usa terno e sorri
Milton Ozório Moraes (1971-2022) - IOC/Fiocruz

Líder estudantil e goleiro de handebol da faculdade e do time da Mangueira, Milton sempre foi "uma cola de gente boa", como diz Stevens Rehen, 51, amigo do pesquisador desde os 11 anos de idade, também cientista e companheiro de Mula Rouca.

"Sempre foi muito agregador," diz a esposa, Daniela. Eles também se conheceram na faculdade de biologia, mas só viriam a ficar juntos anos mais tarde, após o primeiro casamento de Milton.

A leveza, o carinho e as piadas tornaram o pesquisador um pilar da Confraria da Boa Companhia, em que ele fazia as vezes de chef e reunia amigos de longa data e convidados para almoços mensais.

"Gostava de fazer os pratos que havia conhecido em viagens, como o biryani, um arroz indiano", diz Daniela.

Milton era um inconformado com a desigualdade social. Fez doutorado no IOC, instituto da Fundação Oswaldo Cruz, e tornou-se referência internacional em bases genéticas de doenças negligenciadas.

Dedicou duas décadas ao desenvolvimento de pesquisas no tema de genética e imunologia de doenças infecciosas, além da hanseníase, como tuberculose, zika, doença de Chagas, dengue e, mais recentemente, a Covid-19.

Assessorou o Ministério da Saúde na área de doenças em eliminação e viajou com sua paixão pela ciência e a divulgação do conhecimento, orientando estudantes em Moçambique, Haiti e outros países.

Duas de suas contribuições mais recentes foram para o diagnóstico de hanseníase. Uma foi a criação de um assistente que usa inteligência artificial para ajudar a identificar casos.

A outra, que será ofertada no SUS a partir do ano que vem, é um kit de diagnóstico da doença, desenvolvido em parceria com o Instituto de Biologia Molecular do Paraná.

Milton Ozório Moraes morreu em 9 de novembro, aos 51 anos, no Rio de Janeiro, em decorrência de um câncer. Generoso, era a cara do Brasil que dá orgulho, dizem amigos e família.

Deixa a esposa, Daniela, e quatro filhos, dois do primeiro casamento.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missa

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.