Antes de fundar o Grêmio Recreativo Escola de Samba Tom Maior, a história da paulistana Maria Helena dos Santos teve algumas passagens difíceis.
Maria Helena foi criada na Vila Madalena (zona oeste), numa casa que deixou como lembranças a sensação de liberdade e a convivência com os primos.
Os pais, Orlando dos Santos e Albertina Soares dos Santos, se conheceram no Hospital das Clínicas, onde trabalhavam como contador e enfermeira.
Maria Helena perdeu a mãe aos 14 anos e se mudou com duas irmãs para a casa de uma tia, no Jabaquara (zona sul). Devido a falta de adaptação, as três meninas fugiram. Durante o dia, trabalhavam como domésticas e à noite dormiam juntas na rua.
Entre os novos amigos estava o primeiro companheiro. Os dois moraram juntos entre São Paulo e Botucatu (a 238 km de São Paulo). Na Bela Vista (região central), quando retornou do interior, nasceu o primeiro filho. Na época, ela estava com 17 anos. Tempos depois, o casal se separou.
Aos 18 anos, conheceu Hélio Romão de Paula, o Hélio Bagunça (morto em 2007). No início dos anos 1970, Hélio prometeu uma escola de samba para Maria Helena em troca de um filho, que se chamaria Tom.
Mesmo com o nascimento de uma menina —Fernanda de Paula, hoje com 50 anos, jornalista e profissional de marketing,— o carnavalesco seguiu com a promessa.
Em 14 de fevereiro de 1973, Hélio e Maria Helena fundaram a Tom Maior, na sala de casa, no bairro do Sumaré (zona oeste), junto com estudantes da USP e integrantes da Associação Cultural e Social Escola de Samba Mocidade Camisa Verde e Branco.
Assim como sua mãe, Maria Helena atuou como enfermeira no Hospital das Clínicas e ficou até a aposentadoria.
Ela deixou sua marca no Carnaval de São Paulo. Foi imperatriz e baluarte do samba do estado de São Paulo, vice-presidente da embaixada do samba paulistano e rainha da melhor idade da Água de Ouro, entre outros títulos. Nos últimos anos, compunha a Velha Guarda, segundo a filha.
Maria Helena coordenou o Carnaval pela Uesp (União das Escolas de Samba Paulistanas) e chegou a produzir a festa no Anhembi. Ela superou as dificuldades e os problemas com sabedoria, e a perda do primeiro filho —no Dia das Mães— com resiliência. Para Fernanda foi um exemplo de mulher e de mãe.
"Ela era amorosa, fina, elegante, bem-humorada, educada e glamourosa dentro e fora do Carnaval. Viveu à frente do seu tempo", diz Fernanda.
Maria Helena morreu dia 24 de outubro, aos 74 anos, após uma parada cardíaca. Separada do companheiro desde que a filha era criança, além dela, a carnavalesca deixou muitos netos do coração.
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