PRF tenta identificar supostos financiadores de bloqueios golpistas em SP

Em alguns casos, houve a instalação de banheiros químicos, segundo a corporação

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São Paulo

O setor de inteligência da PRF (Polícia Rodoviária Federal) paulista realiza um trabalho de identificação de lideranças, e eventuais financiamentos, dos bloqueios golpistas promovidos por bolsonaristas nas rodovias federais de São Paulo. Até o fim da tarde desta terça (1º), a corporação monitorava nove pontos de interdição, total ou parcial, no estado.

"Acreditamos de certa forma que, quando há organização, é porque já houve uma conversa prévia, uma idealização daquele ato, e há pessoas que estão coordenando essas ações", afirmou o inspetor Alfredo José Martinelli de Oliveira, nesta terça-feira (1º). Ele ressaltou que, em sua maioria, porém, os movimentos são mais individualizados.

O policial disse que os manifestantes dificultam o trabalho policial por causa da dinâmica com a qual bloqueiam ou interditam as vias. "Nossas equipes vão, agem, muitas das vezes conseguem liberar a rodovia. Depois, os manifestantes retornam ou caminham um pouco mais, tentam uma nova ação e, assim, vamos trabalhando para tentar desobstruir todas as rodovias", explicou.

Em dois dias, a PRF conseguiu dispersar cerca de 30 pontos, no estado, e 339 em todo o país.

Oliveira explicou que bloqueios ocorrem quando as vias são parcialmente obstruídas e o tráfego flui "precariamente". Já interdições são quando as rodovias são totalmente fechadas, travando o trânsito.

Agente da PRF com homem suspeito de organizar bloqueio da rodovia Hélio Smidt, na região de Guarulhos, Grande São Paulo. Ele foi conduzido à Polícia Federal, nesta terça-feira (1º) - Zanone Fraissat/Folhapress

O superintendente de São Paulo da PRF, Fernando Miranda, afirmou que bloquear rodovias é uma prática ilegal. "Isso é inegável, mas lidar com essa situação é [algo] completamente diferente", ressaltou.

Miranda, que comanda a corporação no estado, acrescentou que as interdições atuais contam com uma "atipicidade" em relação a outros atos acompanhados por ele em 29 anos de atividades policiais. "Essa situação é completamente diferente de todas as greves que já presenciei. Vivemos um momento político. Na [rodovia] Régis Bittencourt, a reivindicação era para a recontagem de votos."

Ele disse que o setor de inteligência da PRF está identificando lideranças e pessoas que as apoiam na organização de alguns bloqueios pelas vias. "Você pode ter certeza que eles estão sendo identificados e vão ser responsabilizados por isso, e quem mais estiver acompanhando. A PRF não caracteriza só um líder, ela caracteriza um grupo de pessoas que fazem o movimento."

Até a publicação desta reportagem, dois suspeitos haviam sido presos, por supostamente incitar pessoas a bloquear rodovias. A detenções ocorreram em Guarulhos, na Grande São Paulo, e em São José do Rio Preto, no interior paulista.

O superintendente disse ainda que a polícia trabalha para identificar, por exemplo, quem ajuda a distribuir comida e montar barracas e, também, quem eventualmente financia essa estrutura —houve a instalação de banheiros químicos em alguns casos.

Sobre as dispersões das pessoas interditando as vias, ele afirmou acreditar que a força "não resolve", mas sim a aplicação de multas. "O confronto é uma opção, como posso dizer, é o que alguns manifestantes mais querem, para aparecer."

Até a publicação deste texto, a PRF havia aplicado 52 multas em São Paulo, somando R$ 525,6 mil. Foram 32 penalidades aplicadas, de R$ 5.800 e, o restante, de R$ 17 mil. O primeiro tipo de punição, explicou, é aplicado a donos de veículos que obstruem vias. O segundo é para a pessoa que comete a mesma infração, mas é identificada como organizadora ou liderança dos bloqueios.

Em um grupo de Telegram, publicações sugeriam aos manifestantes que fechassem as vias com pneus e outros objetos, para evitar as multas.

O comandante da PRF em São Paulo afirmou ainda que todos os movimentos da polícia são repassados ao MP-SP (Ministério Público de São Paulo).

O procurador-geral de Justiça, Mario Sarubbo, afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, ter constituído na segunda-feira (31) um núcleo de atuação integrada para investigar as circunstâncias em que ocorrem os bloqueios. O grupo é constituído por membros da Promotoria de Justiça da Habitação e do Urbanismo da Capital e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).

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