Investigação aponta erro no rótulo de substância usada na fabricação de petiscos

Ministério da Agricultura diz que substância tóxica foi identificada incorretamente sendo como outra permitida; falha pode explicar morte de cães

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São Paulo

A identificação errada em lotes de produtos químicos usados na fabricação de petiscos para cães pode ser uma das causas da morte de cães registrada em diversas partes do Brasil em setembro. A conclusão é do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

Segundo a pasta, lotes do insumo monoetilenoglicol, que é proibido para uso em alimentação animal, foram identificados incorretamente como propilenoglicol, permitido na indústria de alimentos.

Embalagem de petisco da Bassar Pet Food que foi recolhido após morte de cães - Reprodução/TV Globo

O monoetilenoglicol é uma substância tóxica, da mesma família da apontada como responsável pela intoxicação de 29 pessoas que consumiram a cerveja Belorizontina, produzida pela Backer, em 2019.

"A incorreção desta identificação levou ao uso de produto extremamente tóxico na fabricação de petiscos, em quantidades muito acima das doses que são consideradas fatais", diz a nota do ministério.

O Ministério diz que fiscalizou 120 empresas que comercializam, distribuem e fabricam o composto. Em São Paulo, a linha de investigação da Polícia Civil se concentra em duas delas, sob suspeita de adulteração do documento que acompanha as notas fiscais na compra do propilenoglicol.

O certificado que assegura o uso alimentar do insumo deve conter a informação sobre o chamado grau USP, conferido por laboratórios aos produtos que seguem os padrões internacionais de pureza estabelecidos pela Farmacopeia dos Estados Unidos.

O propilenoglicol vendido pela empresa A&D Química, em Arujá (SP), para a Tecno Clean, com sede em Contagem (MG), não continha a informação de pureza no certificado técnico que acompanhou as seis notas fiscais. Assim, não poderia ser utilizado para fins alimentícios.

Em posicionamentos anteriores, a Tecno Clean Industrial afirmou que não fabrica propilenoglicol. A substância teria sido comprada da empresa A&D Química Comércio e revendida pela Tecno Clean, como distribuidora. A empresa se colocou à disposição das autoridades para ajudar nas investigações.

Procurada pela Folha nesta sexta (2), a A&D Química não respondeu email ou atendeu ligações para responder se houve erro na identificação dos lotes.

Em setembro, afirmou que os produtos de seu portfólio, incluindo o propilenoglicol, não possuem finalidade alimentícia, sendo destinados exclusivamente para produção de itens de higiene e limpeza. A empresa também declarou que está à disposição das autoridades para a elucidação do caso.

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