Descrição de chapéu Cracolândia

Chegada de GCM e PM leva à 'cracolândia itinerante' no centro de São Paulo

Nova dinâmica ocorre 24 horas depois de PMs serem atacados na av. Rio Branco

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São Paulo

A sexta-feira (16) tem sido marcada por um novo movimento na cracolândia. Usuários de drogas estão migrando de um lugar para outro com a aproximação da GCM (Guarda Civil Metropolitana) e da Polícia Militar.

O fluxo itinerante acontece após uma das principais aglomerações da cracolândia, na rua Helvetia, ser desfeita durante a semana. A debandada do local teve início depois de usuários de drogas serem flagrados espancando e roubando um comerciante na avenida São João na última segunda-feira (12).

A nova dinâmica de peregrinação vem somada ao ataque com pedras contra policiais militares que estavam estacionados no cruzamento da avenida Rio Branco com a rua dos Gusmões, em Santa Ifigênia, na quinta-feira (15).

Cavalaria da PM passa por dependentes químicos concentrados na rua Conselheiro Nébias
Cavalaria da PM passa por dependentes químicos concentrados na rua Conselheiro Nébias - Danilo Verpa/Folhapress

Segundo a Polícia Militar, um dos agentes foi atingido por um tiro no tornozelo. A corporação, assim como a Polícia Civil, apura de onde pode ter partido o tiro. Investigadores buscam câmeras de segurança que possam ter registrado a ação. Câmeras corporais utilizadas pelos PMs também foram requisitadas.

Policiais civis prenderam, na rua Conselheiro Nebias, cinco suspeitos pela agressão. Eles foram reconhecidos pelas vítimas como os autores do ataque. Outras três pessoas foram detidas pela PM. Todos foram autuados por associação criminosa, dano ao patrimônio público e perigo para a vida ou saúde de outrem. A Justiça decretou a prisão preventiva dos oito.

A reportagem percorreu na tarde desta sexta vias dos bairros Campos Elíseos e Santa Ifigênia e notou uma alteração na rotina dos usuários.

Por volta das 13h30 um grande grupo de dependentes químicos fechava uma das faixas da avenida Duque de Caxias, na altura da praça Júlio Prestes. Naquela parte não havia policiamento, com algumas pessoas no canteiro central e outras na via fumando crack.

Alguns metros adiante foi possível avistar equipes da guarda e da PM, que estavam paradas na esquina das ruas do Triunfo e dos Gusmões, onde poucas pessoas se juntavam. O local até a tarde de quinta reunia um dos maiores fluxos.

A Folha questionou um dos guardas se a avenida Duque de Caxias seria um novo ponto. A resposta foi de que os usuários não poderiam permanecer ali devido aos furtos que promovem. Pouco tempo depois, as equipes foram até o local e os dependentes foram embora.

Dali, o grupo partiu em bando para a esquina da avenida Rio Branco com rua General Osório. Um comerciante se apressou em fechar sua loja.

Pouco tempo depois, carros da Polícia Militar circularam pela via. A cavalaria da corporação também passou pelo cruzamento.

Em instantes, assim como ocorreu na Duque de Caxias, os usuários se desmobilizaram e seguiram em direção à rua Conselheiro Nebias, na altura da rua dos Gusmões.

Um vizinho do fluxo da Nebias relatou que, desde a manhã, o grupo sai e volta para o local ao menor sinal da passagem de guardas ou policiais. O morador, que não quis se identificar por motivos de segurança, ainda afirmou que a PM está mais atuante na região, contribuindo com a guarda.

A reportagem contou ao menos três carros da PM estacionados em cruzamentos diferentes da avenida Rio Branco. Mesmo com a presença da Polícia Militar houve ao menos uma tentativa de furto a um motorista no cruzamento da via com a General Osório.

Em nota, a Polícia Militar disse que não realiza operações de dispersão de usuários de drogas no centro e que apenas atua em ações de polícia ostensiva e de preservação da ordem pública.

Também por meio de nota, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) declarou que, na terça-feira (13), representantes das polícias Civil e Militar se reuniram para conversar sobre a cracolândia. Ficou acordado que o policiamento na região será reforçado com mais 37 viaturas e 150 policiais dos batalhões de área, além da Rota, do Baep e de unidades do Choque.

O comunicado ainda cita que não há qualquer relação nos aumentos de crimes contra o patrimônio com a Operação Caronte, ação da Polícia Civil com apoio da prefeitura, na região da cracolândia, e que foi responsável pela dispersão dos usuários. "Desde janeiro de 2022, ação possibilitou que mais de 1.800 pessoas fossem presas ou apreendidas e 4 toneladas de drogas fossem retiradas das ruas", disse a SSP.

"O trabalho em conjunto das policiais paulistas ainda resultou na prisão e apreensão de 2.063 pessoas, na apreensão de 37 armas ilegais e na recuperação de 252 veículos roubados e furtados no centro da capital", acrescentou.

De acordo com a Polícia Civil, mais de 11 mil celulares foram recuperados.

A Prefeitura de São Paulo disse ter reforçado as equipes da GCM na região. Segundo a gestão Ricardo Nunes (MDB), o território vai passar a contar com 554 agentes em 80 viaturas e 60 motos.

Na quinta-feira (15), representantes da guarda e das polícias Civil e Militar se reuniram para tratar do aumento do policiamento e da ampliação dos serviços públicos prestados.

Conforme a prefeitura, houve aumento na busca de tratamento entre o primeiro mês do ano e novembro. O encaminhamento de usuários para atendimento no Serviço Integrado de Acolhida Terapêutica II passou de 27 pessoas em janeiro para 134 usuários abusivos de álcool e outras drogas.

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