Após os tempos de colégio, se dependesse do pai, Orlando Leal Carneiro, desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Luiz Orlando Carneiro seguiria carreira no direito, mas o amor pelo jornalismo chegou primeiro.
Em 1958, Luiz O., como os amigos o chamavam, entrou no Jornal do Brasil como estagiário e foi admitido em janeiro do ano seguinte. Em 1963, formou-se em direito na Universidade do Estado da Guanabara, atual UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro).
No Jornal do Brasil, cobriu o Itamaraty até assumir a subchefia de reportagem, em 1964. Em seguida, tornou-se chefe de reportagem, editor-executivo e chefe de Redação, cargo que ocupou até meados de 1979.
A convite do proprietário do Jornal do Brasil, Manuel Francisco do Nascimento Brito, mudou-se para Brasília no intuito de ampliar e chefiar a sucursal em Brasília. Ficou como diretor regional até 1992.
Na sequência, especializou-se em assuntos jurídicos e na cobertura do STF (Supremo Tribunal Federal), missão que continuou no JOTA entre 2014 e final de 2022.
A ministra Rosa Weber, presidente do STF, afirmou que o jornalismo perde uma grande referência e um profissional que sempre será exemplo para as próximas gerações.
Vice-presidente da corte, o ministro Luís Roberto Barroso disse que Luiz Orlando tinha duas virtudes que dignificam o jornalismo: integridade e isenção. "Gentil e respeitoso, retratou a atuação do Supremo Tribunal Federal sempre comprometido com a verdade."
Sob os olhos dos amigos e dos colegas de trabalho, Luiz Orlando era gentil, educado, leal e respeitava a opinião do próximo. Serviu de exemplo e inspiração para gerações de jornalistas.
O jazz, uma de suas paixões, também foi tema de suas colunas e publicações.
Ele é autor, por exemplo, dos livros "Jazz: Uma Introdução" e "Obras-Primas do Jazz".
Luiz Orlando era primo do jornalista José Trajano, 76. "Ele foi o responsável por eu ter me tornado jornalista", disse.
Trajano tinha 16 anos quando começou a estagiar na editoria de esportes do Jornal do Brasil. "Naquela época não sabia nem bater à máquina, mas gostava muito de futebol. Ele me apresentou na seção de esportes e me adotaram como estagiário. Vou fazer 60 anos de jornalismo neste ano."
"Nessa época e um pouco depois tivemos uma proximidade grande. Generoso e um gentleman, ele conhecia muito jazz –era um dos maiores críticos do país. Eu ia à casa dele, que colocava sempre discos para tocar e me dava alguns LPs sobrando. Ele é o tipo de jornalista que não tem mais", afirma Trajano.
Luiz Orlando morreu no dia 11 de janeiro, aos 84 anos. Viúvo, deixa filhos, netos e bisnetos.
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