Aos sete anos, Cynthia Mendes da Silva dizia aos pais que desejava ser cantora e atriz. Nessa idade, já cantava os primeiros versos na igreja que frequentava.
Cinco anos mais tarde, começou a cantar e a fazer teatro no bairro onde passou parte da vida, Parque Residencial Cocaia, na zona sul da capital paulista.
A arte que abriu as portas para o talento foi a mesma que despertou Cynthia para Cindy Mendes, mas uma pneumonia interrompeu seus planos, aos 34 anos. A atriz e cantora morreu no dia 8 de janeiro. Ela deixou os pais e dois irmãos.
Segundo o empresário Éderson Mendes, 31, seu irmão, Cindy também sonhava em ser médica. "Ela queria salvar vidas. Pretendia prestar o Enem neste ano", afirmou.
Cindy Mendes ficou conhecida nacionalmente quando interpretou a personagem Lena, em "Antônia" (2006), que virou série na TV Globo (2006/2007). Conquistou o papel após vencer centenas de meninas.
A trajetória não foi longa, mas rica em sucesso.
Cindy estudou no Teatro Escola Macunaíma e no Conservatório e Faculdade de Música Souza Lima. Ela também tocava piano, de acordo com Éderson.
Aos 14 anos, fez um comercial para o Banco Real. Ao longo da trajetória, outras campanhas publicitárias vieram, para marcas como Philips, Zara, Seda, Dijean, Tang, Lojas Renner, O Boticário.
Em 2006, lançou o primeiro álbum solo: "Cindy - Grite Alto". Atuou como compositora, intérprete e coprodutora. O disco foi considerado pela crítica um dos melhores álbuns de hip-hop brasileiro.
Cindy atuou em montagens como "O Mágico de Oz", "All That Jazz" e "Black Cat".
Éderson disse que estava nos planos de Cindy lançar o segundo disco solo. Ela tinha mais de 50 músicas prontas.
A mãe de Cindy Mendes, Vilma Suely Mendes de Oliveira, 56, afirmou que a filha era puro amor e carinho. Sempre ajudou e se preocupou com a família.
Culta e amante dos livros, gostava de ir ao teatro, cinema, pintura e desenho.
A cantora e compositora Quelynah, amiga e parceira de Cindy em "Antônia", disse à Folha que a garra de nunca desistir foi o elo entre as duas.
"Para mim, fica a imagem da guerreira, da menina jovem, preta, de periferia, lutadora e sonhadora. Ela nos deixou a sua garra e força. Vou levar as músicas dela para o meu show e falar sobre ela por aí", diz Quelynah.
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