Descrição de chapéu Obituário José Miguel de Lima (1937 - 2023)

Mortes: Aprendeu a ser padeiro e ver o lado bom da vida

Durante mais de 20 anos, José Miguel de Lima gerenciou a padaria Deus Proteja, em Pernambuco

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São Paulo

Até ser o padeiro mais famoso de sua terra natal, Tabira (PE), José Miguel de Lima trilhou caminhos difíceis. Trocou as brincadeiras da infância pela mão de obra na roça. Foi agricultor, assim como os pais.

Na adolescência, quando ia à padaria comprar pão, observava o processo de fabricação do alimento. De olhar, aprendeu o ofício e pediu ao dono uma oportunidade de emprego. Entrou como ajudante e se aprimorou. Mais tarde, abriu a própria padaria, a Deus Proteja.

Zé Padeiro, como era chamado, tornou-se conceituado na cidade, pelo conhecimento e referência de honestidade e comprometimento, segundo a representante comercial Elisângela Siqueira Lima dos Santos, 40, sua neta.

José Miguel de Lima (1937-2023)
José Miguel de Lima (1937-2023) - Arquivo pessoal

Ana Rosina de Lima, com quem se casou aos 18 anos, o ajudava no balcão.

A chegada da clientela afastou as dificuldades aos poucos e o casal comprou o primeiro carro, usado tanto para levar a família nos passeios quanto para entregar pães.

Tiveram oito filhos, três homens e cinco mulheres, que cresceram e foram trabalhar na padaria. Com a situação financeira melhor, cada um que se casou ganhou uma casa do pai. "A vida dele foi ajudar os filhos e netos", diz Elisângela.

José praticou a generosidade dentro e fora de casa. "Na Sexta-Feira Santa, ele deixava as caixas de pão em casa e distribuía a quem pedisse. Não negava pão a ninguém. Ajudava os amigos, contratava os desempregados mesmo sem precisar só para ajudar", conta a neta.

Após mais de 20 anos de funcionamento, ele fechou a Deus Proteja. Além de cansado, dizia que já havia completado a sua missão na padaria.

Ele deixou com cada familiar e amigo um pouco da sua sabedoria. Ensinou aos filhos e netos lições de honestidade, lealdade, obediência e respeito, principalmente em relação aos pais.

Paciente e otimista, preferia ver o lado bom da vida, que também foi feita de perdas: quatro filhos e a esposa, com quem ficou casado mais de 60 anos.

"Quando a minha mãe morreu, encontrei no meu avô as forças que não tinha naquele momento de dor. Ele me consolou. Disse que minha mãe cumpriu a missão dela na terra e Deus a chamou de volta e que temos que nos conformar porque Deus vai nos chamar também. Meu avô chegou lúcido até o fim", relata Elisângela.

José Miguel de Lima partiu dia 11 de janeiro, aos 85 anos. Foi morte natural. Viúvo, deixou quatro filhos, netos e bisnetos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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