Nem mesmo a formalidade de Brasília, o mundo sisudo do direito ou até mesmo um câncer foram suficientes para tirar a leveza e bom humor de Tereza Cristina van Brussel Barroso.
Mulher do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso, Tereza morreu na noite desta sexta-feira (13) por complicações decorrentes de um câncer primário na cabeça do fêmur.
Tereza nasceu em junho de 1965, em Paramaribo, na antiga Guiana Holandesa, hoje Suriname. Sua mãe havia mudado com a família para lá, onde conheceu e se casou com o então cônsul do Brasil no país.
Quando o Suriname conquistou sua independência, os pais de Tereza se mudaram para o Brasil com os filhos e moraram em Niterói, na região metropolitana do Rio.
Tereza ingressou nas faculdades de direito e letras, mas não concluiu os cursos. Tornou-se estilista de moda, dona de uma fábrica e duas lojas. Em 1994, conheceu Barroso em uma reunião de amigos em comum.
"Eu reparei nela nesse primeiro momento. Depois a chamei para sair, ela relutou um pouquinho, mas aceitou. Depois, nunca mais nos separamos", contou Barroso à Folha.
Poucos meses após terem se conhecido, foram viver juntos e se casaram em março do ano seguinte. A cerimônia foi celebrada pelo então juiz Luiz Fux, amigo de Barroso e hoje seu colega no STF.
"Ela morava em Niterói e eu precisava atravessar de barca para chegar até a casa dela. Eu brincava que era por isso que a gente precisava se casar rápido", lembrou Barroso.
Após o nascimento dos filhos, Luna e Bernardo, ela vendeu o negócio para se dedicar exclusivamente aos cuidados da família. Nos primeiros anos de casamento, Tereza e Barroso moraram no Rio de Janeiro e depois se mudaram para Brasília.
"A Tereza foi uma das grandes amigas que ganhei em Brasília. Eu também sou do Rio e nós nos aproximamos muito rapidamente. Ela tinha uma leveza, um bom humor ímpar. Estava sempre sorrindo, falando alto e cantando. Ela dava outra cara para a cidade", contou a advogada Raquel Bastos Daltro de Miranda.
Para o ministro, a leveza da esposa o ajudou a lidar com as formalidades de seu trabalho. "Ela era muito ligada à moda, arquitetura, decoração de interiores. Isso me ajudou muito, porque o mundo do direito é muito formal", contou.
"A leveza dela me ajuda. Sempre que escrevia um texto para a imprensa ou para algum lugar que não fosse especializado em direito, eu mostrava a ela para ter a opinião de uma pessoa inteligente, mas não versada nessa linguagem barroca do direito. Ela foi uma parceira também nos meus escritos".
O velório de Tereza aconteceu neste sábado (14) no cemitério Campo da Esperança, em Brasília.
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