Descrição de chapéu Obituário Dejair Gonçalves (1952 - 2022)

Mortes: Era o melhor aluno da classe aos 70 anos

Dejair Gonçalves colecionava diplomas de faculdade e muitas lições de vida

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São Paulo

Dejair Gonçalves tinha inteligência e disposição para estudar. Era o melhor aluno da classe aos 70 anos, segundo o jornalista Jorge Soufen, 43, seu genro. E continuaria com o título se vivesse mais.

Um câncer no fígado o tirou de cena no dia 20 de dezembro. O amor à família, ao fiel companheiro canino Haddock, 7, seu copiloto e o melhor amigo nos passeios de carro, e uma lista de bons exemplos permanecerão nas lembranças.

"Nunca vi uma relação de tanto amor entre um ser humano e um cachorro", afirma Jorge, "pai" de Haddock.

Dejair Gonçalves (1952-2022)
Dejair Gonçalves (1952-2022) - Arquivo pessoal

Natural de Jaú (a 287 km de São Paulo), Dejair viveu uma infância pobre. Estudante de escola pública, desde cedo foi um aluno aplicado.

Formou-se em tecnologia e engenharia elétrica na Unesp (Universidade Estadual Paulista), onde fez mestrado em engenharia agronômica; concluiu engenharia mecânica na Unip (Universidade Paulista) e foi professor do curso no campus de Ribeirão Preto, no interior do estado. Atualmente, cursava tecnologia da informação na Fatec (Faculdade de Tecnologia) de Ribeirão Preto e era doutorando em engenharia química na USP.

Ele lidava bem com as gerações que convivia na faculdade. E ainda contava histórias.

Trabalhou em muitos locais, entre os quais na Companhia Jauense. Empreendedor na terceira idade, há cerca de seis anos, abriu a própria empresa na cidade de Pontal (a 351 km de São Paulo). Lá, prestava serviços para usinas de cana-de-açúcar. Criou e aperfeiçoou técnicas específicas para alguns equipamentos de usinas.

Dejair tinha poucos amigos. Não media esforços para ajudar a família. Ao lado dela, gostava de fazer churrasco. "Ele era uma inspiração para mim e para os filhos", diz Jorge.

"Percebi desde cedo a potência de sua capacidade intelectual", afirma Renata Zupelari Gonçalves, 42 anos, sua filha. "O raciocínio, a forma como se adaptava a diferentes situações, sua vasta compreensão de conceitos abstratos. E ele instigava minha inteligência. Mais: ele sempre me incentivou a conhecer e reconhecer minha própria inteligência."

"Em seus últimos dias, no hospital, vendo-o receber notícias cada vez mais difíceis, em meu íntimo, me vesti em sua doença e disse para mim: ‘eu desisto’. Mas eu não conseguia ver isso no meu pai. Ele não se entregava, mantinha-se e acreditava. Dois dias antes de morrer, estávamos, eu e ele, em silêncio, juntos. Ele me disse: ‘eu vou, mas você fica’. Essa crença absoluta eu pude ver e sentir neste momento. A fé em si mesmo."

Dejair deixou a mulher Giselda, os filhos Renata e Paulo, e as netas Sofia e Olívia.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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