Descrição de chapéu Obituário Clóvis Donadi (1931 - 2022)

Mortes: Foi das lavouras de algodão para o mundo

Clóvis Donadi era fã de viagens e de Frank Sinatra

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São Paulo

A cidade de Jaboticabal, no interior paulista, centro econômico e cultural do interior no começo do século passado, viu sua pujança minguar a partir dos anos 1930.

Uma das alternativas para a economia foi diversificar a lavoura. Foi nas plantações de algodão de Jaboticabal que Clóvis Donadi, então com apenas nove anos, começou a trabalhar para ajudar a família.

A vida dura no campo contribui para talhar sua determinação. Aos 14 anos, deixou família e escola e mudou-se sozinho para a capital paulista.

homem idoso é abraçado por netos
Clóvis Donadi (1931-2022) com os netos Thiago (à esq.) e Felipe (à dir.) - Arquivo pessoal

"Ele não teve tanto afeto de pai e mãe porque era adolescente quando se aventurou por São Paulo, mas se desdobrou ao máximo por nós. Foi um pai muito carinhoso, extremamente solícito com todos", diz a filha Patrícia Donadi, 58.

Instalado em uma pensão no bairro de Pinheiros, usou sua veia comercial para criar aves e vender ovos, atividade que levaria para a vida inteira.

"Foi na época que ele casou com minha mãe, tinham uma granja pequenininha, vendiam os ovos na porta [da propriedade]", lembra Patrícia.

Ainda que tenha trabalhado muito, soube aproveitar os frutos. Separava reportagens de revistas sobre cidades e países diferentes pelo mundo e dizia "bom, eu vou em algum momento para esse lugar", antes de guardar o recorte escolhido.

"Foi assim que ele conheceu praticamente o mundo inteiro", conta a filha.

Mas o lugar fora do Brasil que conquistou Clóvis foi Miami. Aos 50 anos, passava três meses por ano na cidade americana, curtindo o apartamento ensolarado, a praia e as conversas com amigos.

Já nas viagens mais curtas, feitas de carro, todos sabiam a trilha sonora, que se repetia em casa: uma variação na sequência das mesmas músicas de artistas como Frank Sinatra e Nat King Cole, gravadas em diversas fitas cassete.

Aos 66 anos, Clóvis casou-se novamente e foi viver em Goiânia, terra que adotou e onde cultivou mais uma de suas paixões, uma fazenda. Criar gado era mais passatempo do que trabalho —e estar perto da natureza cativou o menino que havia deixado Jaboticabal cinco décadas antes.

Até o avanço da doença de Alzheimer, descoberta aos 80 anos, curtia o tempo com os netos, com quem combinava até os pares de tênis.

Clóvis Donadi morreu de Covid-19 aos 91 anos, em 21 de dezembro, em Goiânia, após contrair o vírus durante uma internação por pneumonia.

Deixa a mulher, Cristina Alves, 77, quatro filhos e dez netos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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