Descrição de chapéu Obituário Orlando Petrocillo (1946 - 2022)

Mortes: Alegre, Landão se divertiu no hospital e partiu de bem com a vida

Orlando Petrocillo tinha 76 anos e recebeu diagnóstico de câncer no pulmão

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São Paulo

Como guarda de uma funerária, Orlando Petrocillo, o Landão, cochilava mais do que vigiava. Fazia do seu trabalho uma piada na qual dizia que durante o expediente, das 17h30 às 7h, conseguia dormir sem ser importunado pela companheira de quase 60 anos, Zélia.

Na pacata Urupês, no interior paulista, de quase 14 mil habitantes, o telefone da funerária Rede Mil toca bem pouco. Neste ano, a cidade registrou 136 óbitos, uma média de 11 por mês, segundo o portal Transparência do Registro Civil.

Brincalhão e gozador, como dizem no interior, Landão não perdeu o sorriso nem às vésperas da sua morte, no dia 1º de dezembro, em decorrência de câncer no pulmão. Ele tinha 76 anos.

Orlando Petrocillo (1946-2022) - Arquivo familiar

Internado no hospital padre Albino, em Catanduva (a 50 km de Urupês), ele se referia à cadeira de rodas como Uber e às sopas como lasanhas. Em seu leito, recebia as enfermeiras com charadas do tipo "o que a galinha foi fazer na igreja? Assistir à Missa do Galo".

Landão deixou, além de Zélia, os filhos Cristina, Sílvio e Fernando, sete netos (Diego, Fernandinho, Felipe, Clara, Samuel, Tiago e João Victor) e Urupês, ainda mais pacata. "Nesses dias que fiquei em Urupês, todo mundo tinha uma história para contar dele", disse o filho Fernando, o Feijão, que mora na Flórida (EUA).

Feijão, aliás, viria para o Brasil para as festas de final de ano e havia comprado uma assistente virtual a pedido de Landão, que ficou impressionado que a peça tocava até as músicas que ele pedia e contratou um serviço de internet para utilizá-la. Não deu tempo.

"A vida dele foi a de alegrar as pessoas, queria ver a família junto e não tinha hora ruim. Até nos velórios ele fazia as pessoas sorrirem", recorda Feijão.

A família diz só se lembrar de ter visto Landão chorando uma vez, quando a filha Rita morreu, aos 28 anos.

"A perda da Rita, tão jovem, foi muito dolorida. Ela foi tirar uma verruga nas costas, que estava incomodando, e viram que era câncer", recorda Cristina. "Mas ele logo começou a superar o luto. Nunca vimos meu pai reclamar da vida, ficar se lamentando."

No caso de Landão, o câncer fora diagnosticado quase um mês antes do óbito. "Ele não fez os procedimentos como quimioterapia, radioterapia, a médica viu que o câncer era maligno", afirma Cristina.

Companheiro de Landão nos últimos 14 anos, o papagaio Louro demonstra saudades. O bichinho permitia que somente ele tocasse na sua cabeça. Diariamente, ambos passeavam de carro e tomavam café. Agora, Louro recorre aos braços de Zélia.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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