Descrição de chapéu Obituário Raimundo de Pontes Nunes (1930 - 2022)

Mortes: Caridoso, ajudava muito as pessoas ao seu redor

Após infância difícil, fez parte da primeira turma de agronomia da UFC

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São Paulo

Com sete anos, Raimundo de Pontes Nunes perdeu seu pai, provavelmente vítima de tétano. Menos de três meses depois, teve outra grande tragédia: agora era sua mãe que partia em razão de complicações em um parto.

As mortes, como é de se esperar, foram difíceis para uma criança tão pequena. A criação ficou a cargo dos irmãos de Raimundo, principalmente a mais velha, conta Alexandra Pontes Sancho, filha dele. O sustento era baseado na Fazenda Água Boa, em Caucaia, no interior do Ceará.

Homem branco em pé. Ao fundo, um obelisco
Raimundo de Pontes Nunes (1930-2022) - Arquivo pessoal

Foi lá que Raimundo nasceu e viveu até seus 12 anos. Nessa idade, ele se mudou para Fortaleza com objetivo de estudar –até então, vinha sendo educado pelas irmãs.

Primeiro, Raimundo ingressou no Colégio Nogueira. Depois, foi a vez de estudar no Liceu, uma instituição tradicional no estado. "O Liceu era um colégio bastante tradicional, praticamente todo mundo que foi bem-sucedido estudou lá", afirma Alexandra.

O caminho de sucesso continuou quando ele cursou a graduação em agronomia na UFC (Universidade Federal do Ceará). Raimundo foi um dos alunos que fizeram parte da primeira turma do curso na universidade.

A escolha pela profissão de agrônomo tem relação com sua infância vivida na fazenda de sua família. "Ele dizia: ‘Eu conheço cada pedra que tem na Fazenda Água Boa’. Então a escolha com certeza foi essa por conta do trabalho na terra", conta Alexandra. Outra razão um tanto mais prática também o levou para a agronomia: com a graduação, seria fácil encontrar um trabalho rapidamente.

E realmente o sucesso profissional veio. Por muito tempo, Raimundo foi professor na Escola de Agronomia da UFC. Ele também atuou na Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), morando em Brasília por alguns anos.

Na universidade, ele era conhecido por ser um professor rígido, característica também vista na criação dos filhos. "Eu acho que, pela história de vida dele, ele pensava ‘se eu consegui, as pessoas têm que lutar para conseguir’", diz Alexandra.

Mas, ao mesmo tempo, Raimundo era caridoso. Sua filha conta que ele ajudou várias pessoas a conseguirem emprego dentro da UFC. "Ele ajudava muitas pessoas", resume.

Caçula, ela fala que vai sentir falta de tudo do pai. Durante a pandemia de Covid-19, os dois se aproximaram bastante porque ela cuidou dele. Foi também na emergência de saúde pública que Raimundo deixou de fazer várias de suas atividades fora de casa, como ir à missa.

"Ele ficou com muito medo da própria Covid e depois ele ficou muito dentro de casa mesmo com o relaxamento", diz Alexandra. Mas não foi pela infecção viral que ele faleceu. De maneira súbita, ele sofreu uma parada cardíaca e morreu no último 5 de dezembro. "Todo mundo ficou em choque", conta.

Raimundo deixa três irmãs, três filhas, nove netos e nove bisnetos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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