Descrição de chapéu Obituário Maria Letícia Augusta Falabella Tavares de Lima (1928 - 2023)

Mortes: Pautou sua vida pela caridade e luta por justiça social

Entre as marcas que Lae deixou, estão a generosidade e o bem maior

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São Paulo

Entre os bons exemplos dos tempos de estudante, ser a primeira aluna da classe era primordial para Maria Letícia Augusta Falabella Tavares de Lima, chamada de Lae —apelido formado pelas três primeiras letras de seu nome em latim (Laetitia).

Filha de imigrantes italianos, Lae nasceu em Bragança Paulista (a 85 km de São Paulo), onde estudou até o ginásio. Ao término, mudou-se sozinha para a capital paulista e cursou o segundo grau no Sion —na época, um internato, segundo o procurador de Justiça Pedro Falabella Tavares de Lima, 67, um dos filhos.

"Para dar conta de ser a melhor aluna, ela estudava escondido no pensionato. Quando dava o toque de dormir e as luzes apagavam, pegava uma vela e ia estudar no banheiro", conta Pedro.

Maria Letícia Augusta Falabella Tavares de Lima (1928-2023)
Maria Letícia Augusta Falabella Tavares de Lima (1928-2023) - Arquivo pessoal

Lae cursou letras clássicas no Instituto Sedes Sapientiae. Militou na Juventude Universidade Católica e lá conheceu o marido, Chopin Tavares de Lima (1926-2007), com quem se casou em 1953.

Morou em Perdizes, na zona oeste de São Paulo, e em algumas cidades do interior paulista, acompanhando a carreira de promotor do marido. Por fim, o casal voltou à capital.

A cultura de Lae era admirável. Ela dominava francês, latim, italiano, espanhol e inglês, idioma que aprendeu sozinha. A formação universitária a levou a lecionar na rede pública, por um período, e a dar aulas particulares.

Católica fervorosa, sua simplicidade harmonizava com a disposição para a prática da caridade. Sempre participava de movimentos que atendiam as necessidades dos mais pobres. Era generosa e amante dos animais. Das lições de vida também foi ótima aprendiz: ética e exemplo de retidão.

A família à sua volta era motivo de alegria. Lae era aglutinadora e apreciava também o grupo de amigos que com frequência estava por perto.

Em casa, acompanhava o estudo dos filhos. Seu lado professora convivia bem com o de mãe. "Ela gostava de interpretar textos, contar histórias de livros e filmes. Escrevia e lia suas crônicas para a família e nos eventos públicos em homenagem ao marido", diz Pedro.

Revisava textos de mestrado e doutorado de diferentes áreas, de amigos de sua geração. Gostava de declamar poemas, principalmente "O Caçador de Esmeraldas", de Olavo Bilac, de quem era fã.

Lae morreu no dia 1º de janeiro, aos 94 anos, de um câncer descoberto dez dias antes. Deixa cinco filhos e 11 netos.

"Ela deixou marca como amiga, professora, escritora, costureira, amiga dos cachorros, dona de casa, revisora de textos de teses de doutorado, oradora e militante de movimentos de caridade. Talvez, a maior marca deixou como cidadã política, cuja pregação teve por base um viver coerente com o discurso. Ela fez questão de votar nos dois turnos das eleições do final de 2023", destaca Pedro.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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