A Polícia Civil do Piauí prendeu na manhã desta sexta-feira (20) o tio e o vizinho da menina de 12 anos que foi estuprada e está grávida pela segunda vez e teve o aborto legal negado.
Exame de DNA constatou que o bebê de 1 ano, do primeiro estupro, é filho do tio de 33 anos. No ano passado, a mãe denunciou à polícia que a menina dormia no mesmo quarto que o tio quando visitava a casa da avó. Em depoimento, o tio negou a acusação.
A Folha ainda não conseguiu localizar a defesa dos dois suspeitos presos. O tio, que já havia sido investigado no caso, negou as acusações em depoimento anterior.
A menina, que mora na zona rural de Teresina, foi estuprada aos 10 anos. Em 2021, a mãe não concordou com o aborto legal após receber orientações médicas de que a filha corria risco de morte.
Em 9 de setembro de 2022, foi descoberta a segunda gravidez, também resultado de violência sexual. No dia 6 de dezembro, o aborto legal foi novamente foi negado por decisão do Tribunal de Justiça do Piauí.
A menina vive há cinco meses em um abrigo com o primeiro filho. Ela está agora no 6º mês da segunda gestação.
A Polícia Civil informou que a investigação do primeiro estupro foi arquivada em 2022, já que um dos suspeitos foi morto. Com o segundo estupro, a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente assumiu o caso, e as investigações resultaram nas prisões de hoje.
A delegada Lucivânia Vidal informou que exame de comparação genética confirmou que a menina foi estuprada pelo tio, que é irmão mais novo do pai dela.
"No inquérito há provas suficientes de que o tio estuprou a menina e é o pai do primeiro filho dela. O vizinho de 39 anos, que é ex-presidiário, também estuprava a menina. Eles viviam no mesmo ambiente e a estupravam há pelo menos dois anos. Agora o tio responderá por estupro de vulnerável", disse a delegada.
Acompanhando o caso desde o início, a conselheira tutelar Renata Bezerra, do núcleo da zona sudeste de Teresina, disse que as prisões são um alento, já que a menina tem outros irmãos menores.
"Estamos agora buscando, junto às instituições, assegurar os direitos da menina que foram violados. Fomos informados de que a mãe da menina, por problema com agiota, teve que sair de casa com duas crianças, e o pai não tem moradia digna. É uma situação complexa e as instituições precisam adotar providências", disse a conselheira.
A Frente de Mulheres Contra o Feminicídio do Piauí denunciou a omissão do Estado junto a entidades nacionais e internacionais.
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