Descrição de chapéu Obituário Maria Helena de Moura Neves (1931 - 2022)

Mortes: O amor por lecionar a fez trabalhar até o fim

Maria Helena de Moura Neves, 91, deixa grande legado no estudo da linguagem

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São Paulo

Maria Helena de Moura Neves, 91, era daquelas pessoas que, pode-se dizer, nascem com uma missão. A dela era lecionar.

Nascida na pequena Taiaçu (a 384 km de São Paulo), aos 18 anos já dava aulas. Iniciou a primeira graduação perto dos 40 anos. Estudou grego, depois alemão e ainda um pouco de romeno. Dizia que, ao iniciar a graduação, já tinha lido toda a literatura brasileira e portuguesa.

Desde os anos 1970, lecionou na atual Faculdade de Ciências e Letras, da Unesp, no campus de Araraquara, interior paulista, e até o final da vida foi docente permanente da pós-graduação em linguística e língua portuguesa daquela universidade, além de atuar na pós-graduação em letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

A professora Maria Helena de Moura Neves, durante a entrega do prêmio Ester Sabino, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo
A professora Maria Helena de Moura Neves, durante a entrega do prêmio Ester Sabino, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo - Divulgação/Governo de São Paulo

Filha de professores, costumava dizer que tinha o dom para lecionar. Opinião corroborada por todos que passaram por suas salas de aula ou que conviveram com ela.

Maria Helena foi vencedora, em fevereiro do ano passado, da primeira edição do prêmio Ester Sabino, criado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico paulista para valorizar pesquisadoras que contribuem para o desenvolvimento científico, na categoria sênior.

A pesquisadora é autora de importantes obras voltadas ao estudo da Língua Portuguesa, entre as quais "Guia de Uso do Português", "A Vertente Grega da Gramática Tradicional" e "A Gramática: História, Teoria e Análise, Ensino".

"Eu diria que uma das principais marcas dela era a vocação para ensinar. Eu fui aluno dela. Meu irmão e minha irmã fomos todos alunos dela na escola", afirma o médico Luís Roberto de Moura Neves.

A professora tinha um jeito muito próprio que cativava os alunos.

"Ela nunca foi uma professora brava, mas, quando ela entrava na sala dava para ouvir uma mosca voando, pelo silêncio. Todos prestando atenção na aula dela. Em aula, ela era cativante, tinha a capacidade prender a atenção do aluno e transmitir o que ela queria, e o conhecimento dela não era pouco na língua portuguesa. Era surpreendente e com certeza uma das três maiores linguistas do Brasil de todos os tempos", afirma.

Em casa, era mãe e avó afetuosa.

"Sempre foi mãezona, vózona. Até antes da pandemia, todo domingo o almoço era na casa dela. Era uma excelente cozinheira. A família sempre esteve em primeiro lugar para ela. Se alguém não estava bem, ela já ficava preocupada. A gente nem contava tudo quando tinha alguém doente porque a preocupação dela com todos era muito grande", lembra.

Maria Helena sofreu um AVC e morreu em 17 de dezembro de 2022, em Araraquara. Além de Luís Roberto, deixou a filha, a professora Lúcia Helena de Moura Neves, sete netos e sete bisnetos. Viúva, havia perdido o filho Geraldo Neves Júnior, que morreu aos 22 anos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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