A paixão de Pedro Henrique Nehring Cesar pelo paisagismo apareceu desde cedo. O pai e o irmão já exerciam a mesma profissão.
Nascido em Teresópolis, Rio de Janeiro, autodidata, ele foi um dos idealizadores do paisagismo do Jardim Botânico do Instituto Inhotim, sede de um dos mais importantes acervos de arte contemporânea do Brasil, localizado em Brumadinho, Minas Gerais.
O último trabalho dele no Jardim Botânico do Inhotim é o Jardim Sombra e Água Fresca, um processo criativo de dez anos. É o maior jardim temático do Inhotim, criado em uma antiga área de pastagem de 32 mil metros quadrados.
Segundo o Inhotim, Nehring dizia que é preciso entrar na mata para entender o paisagismo. O artista refletia os ciclos do ano na materialização dos seus projetos.
O Jardim Veredas, outro projeto complexo assinado por ele, é reflexo desse desenvolvimento na prática, e fruto de sua observação atenta, de profundo conhecimento da vida das plantas e de sua percepção da natureza.
"Meu pai era um artista nato, uma pessoa muito sensível, tinha uma elegância com uma simplicidade, bem genuína", descreve Daniella Doyle, filha de Nehring. "Uma pessoa com empatia muito grande, muito generoso, carismático, todo mundo gostava muito dele. Uma pessoa marcante, um paisagista bem original. As obras dele têm uma identidade forte, todo mundo reconhece. Uma alma bem sensível, um pintor de jardim, como a gente costuma dizer."
Nehring tornou-se reconhecido nacional e internacionalmente como referência em paisagismo tropical contemporâneo e pelo seu estilo.
O paisagista também era conhecido pela sua dedicação à família.
"Meu pai viveu muito para a gente, para a família. Ele e minha mãe eram casados havia 46 anos, e estavam bem apaixonados ainda, um exemplo para a gente. O que fica é a intensidade dele com a impulsividade, alegria de viver. Ele deixava marca por onde passava, uma pessoa muito bondosa. Vai deixar alegria e o amor. Deixou um legado, as obras dele vão perdurar por muitos anos."
Os familiares que trabalharam com ele durante anos vão dar continuidade aos jardins que Nehring deixou inacabados.
Pedro Nehring morreu no dia 13 de janeiro, aos 67 anos, em Belo Horizonte, em decorrência de uma insuficiência cardíaca que ele tratava havia muitos anos. Foi sepultado no cemitério Parque da Colina, na mesma cidade. Além de Daniella, deixou o filho Pedro Doyle Cesar, a esposa Marília Doyle Nehring Cesar e três netos.
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