Advogado de suspeito da chacina de Sinop é baleado em escritório

Ataque a Marcos Vinicius Borges, 37, ocorreu no fim da tarde de quinta-feira (23)

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Curitiba

O advogado criminalista Marcos Vinicius Borges, 37, foi baleado enquanto trabalhava no seu escritório em Sinop (a 500 km de Cuiabá), Mato Grosso, no final da tarde desta quinta-feira (23). Ele foi levado a um hospital e não corre risco de morte.

Borges é responsável pela defesa de um dos acusados da chacina que deixou sete mortos após um jogo de sinuca em Sinop, em 21 de fevereiro, e é conhecido também pela exposição que faz em redes sociais dos casos em que atua como advogado.

O advogado Marcos Vinicius Borges, defensor de acusado de chacina em Sinop (MT), é criticado por exposição do trabalho nas redes sociais - Reprodução/@vinicius.criminalista no Instagram

De acordo com a Polícia Civil, a Delegacia de Sinop foi acionada pelo próprio advogado pouco antes das 17h30. Ele dizia que havia sido vítima de disparo de arma de fogo e que estava se deslocando até um hospital particular, com ajuda do seu pai, Lucio Borges, presente no escritório quando o filho foi atingido. Dois suspeitos estão sendo procurados.

Segundo informações iniciais obtidas pela polícia, Borges estava em sua sala no escritório quando um homem chegou ao local e se identificou como cliente. Como o advogado estava em uma chamada de vídeo, ele primeiro pediu que a pessoa o aguardasse. Depois, autorizou a entrada do suposto cliente na sua sala. Foi aí que um segundo homem, com arma de fogo em punho, entrou no escritório.

O pai da vítima entrou em luta corporal com o homem armado e, na sequência, ouviu tiros no andar de cima do escritório, da sala do advogado. Ele subiu até a sala do filho, que estava em luta corporal com o primeiro homem que chegou ao escritório e que também estava armado com um revólver.

Os dois suspeitos fugiram e a Divisão de Homicídios da Delegacia de Sinop está apurando o crime.

"As diligências da Polícia Civil estão em andamento para reunir informações que possam levar à identificação dos criminosos", diz a polícia. O delegado responsável pelo caso preferiu não conceder entrevista até o término das diligências.

No hospital, a equipe de investigação da delegacia foi recebida pelo pai do advogado e pelo médico plantonista, que informou que havia um ferimento no pulmão, mas que a vítima não corria risco de morte.

O Hospital Dois Pinheiros disse nesta sexta (24) que o advogado tem um estado geral considerado regular e que os sinais vitais estão estáveis.

"Encontra-se lúcido, sem sedação, respirando espontaneamente, porém com auxílio de cateter nasal. Está com dreno de tórax", diz a nota do hospital, assinada pelo médico Douglas Yanai.

A reportagem ainda tenta contato com familiares do advogado.

Borges é defensor de Edgar Ricardo de Oliveira, que está preso e é apontado pelo Ministério Público como um dos autores da chacina de Sinop.

Edgar foi denunciado nesta quinta (23) por sete homicídios qualificados, além de furto qualificado e roubo majorado. Entre as vítimas estava uma menina de 12 anos.

O outro suspeito de ter praticado os crimes, Ezequias Souza Ribeiro, morreu em um confronto com o Bope (Batalhão de Operações Especiais), um dia após os assassinatos, de acordo com a Polícia Civil do MT.

A atuação de Borges na hora da prisão de Edgar foi mostrada em redes sociais por uma colega de profissão do advogado. Ela exibia Borges acompanhando a equipe da Polícia Civil para localizar a caminhonete com as armas do crime. No carro de Borges, estava uma equipe de televisão.

Ela também divulgou o momento da prisão e a chegada de Edgar à delegacia. "Eu e o doutor Vinicius estamos aqui na delegacia para garantir que o Edgar fosse preso com a sua integridade física garantida", disse em uma das postagens.

Borges é conhecido pela exposição que faz em redes sociais dos casos em que atua como advogado, divulgando solturas ou absolvições de clientes, por exemplo, o que tem gerado polêmica no meio da advocacia.

O comportamento esbarraria em normas da OAB (Ordem dos Advogado do Brasil). A entidade proíbe a "utilização de casos concretos para oferta de atuação profissional".

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