Erosões podem engolir 220 casas em cidade do MA

Município de Buriticupu tem 23 voçorocas, uma delas com 70 metros de profundidade; prefeitura decretou calamidade pública

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Curitiba

O prefeito de Buriticupu (MA), João Carlos Teixeira da Silva (Patriota), decretou estado de calamidade pública no último domingo (26) em função do aumento das voçorocas após as chuvas que recentemente atingiram a cidade.

Caracterizadas por imensos buracos no solo, as voçorocas se desenvolvem há mais de 30 anos no município, mas cresceram com mais velocidade nos últimos dias por causa do volume de água.

"A chuva piorou muito [a situação]. Nosso monitoramento mostra que uma voçoroca geralmente avança 30 metros por ano, em extensão. Com a chuva dos últimos dias, ela avançou de 50 a 60 metros em extensão", disse o prefeito, em entrevista à Folha nesta terça (28).

Imensos abismos, chamados de voçorocas, avançam sobre área residencial de Buriticupu, no Maranhão - Mauricio Marinho/Reuters

As erosões representam alto risco para mais de 800 pessoas, que vivem em 220 moradias localizadas em áreas de encosta, afirma o decreto de calamidade. Nos últimos meses, 27 famílias tiveram que deixar suas casas.

"Ao longo da história, bairros inteiros praticamente foram engolidos. Nos últimos meses, foram desocupadas 27 habitações. Das 27 casas, algumas já desceram morro abaixo, mas graças a Deus a prevenção deu certo, e a gente conseguiu retirar as famílias. Agora, estamos fazendo um plano para retirar mais 220 famílias", afirmou o prefeito.

No decreto, o fenômeno geológico é descrito como erosão continental do tipo voçoroca. São 23 voçorocas espalhadas no município, todas localizadas na área urbana, e há voçoroca com até 70 metros de profundidade. Já a erosão mais extensa tem quase 7 quilômetros.

"Nosso solo é muito instável e tem uma declividade bastante definida, que faz com que a água ganhe força. E a cidade cresceu muito rápido e de forma desordenada", afirma João Carlos.

Segundo ele, a ideia é conter o avanço das voçorocas com obras de drenagem profunda e replantio de vegetação, por exemplo.

"É claro que não é tão simples. Cada voçoroca tem sua particularidade. Mas estamos unindo forças com todos os entes federativos para realizar os estudos necessários e tirar as famílias das encostas para que nenhuma tragédia aconteça", diz.

As 27 famílias retiradas nos últimos meses passaram a receber aluguel social. Mas a ideia agora, diz o prefeito, é pensar na construção de um conjunto habitacional em local seguro, para atender as mais de 200 famílias que ainda precisam ser removidas.

Nesta segunda (27), a reportagem entrou em contato com a Defesa Civil Nacional, do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, mas não obteve resposta sobre providências específicas para a questão das voçorocas até a publicação deste texto. Uma equipe da Defesa Civil Nacional esteve no município no domingo para avaliar a situação.

Moradores de Buriticupu (MA) sofrem com voçorocas, que pioraram com as chuvas dos últimos dias; há erosões com até 70 metros de profundidade - @marinhodrones no Instagram

Além das erosões, o município tem registrado enxurradas, alagamentos, queda de barreiras e deslizamentos de terra, assim como vem ocorrendo com outras cidades do estado. O governo do Maranhão decretou situação de emergência em 49 municípios do estado atingidos pelas chuvas.

De acordo com o governo estadual, há 31 mil famílias afetadas direta ou indiretamente e mais de 5.000 desabrigados.

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