O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (3), em visita a Rondonópolis (MT), que lugar de homem que bate em mulher é na cadeia.
O presidente esteve na cidade mato-grossense 20 anos após sua primeira visita para entregar 1.440 apartamentos no Residencial Celina Bezerra, num ato que, para políticos e lideranças ruralistas, foi um aceno ao agronegócio. Ele estava acompanhado do ministro da pasta, Carlos Fávaro.
"Não é possível que tenha aumentado a violência contra a mulher. A mão de um homem foi feita para trabalhar, ou foi feita para fazer carinho, não foi feita para bater em mulher. Que canalha é esse, que tem coragem de levantar a mão para bater na sua mulher?", questionou Lula.
Todas as formas de violência contra a mulher aumentaram no Brasil em 2022, segundo uma nova pesquisa Datafolha realizada a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A lista inclui desde vítimas de xingamentos e ameaças até aquelas que foram esfaqueadas ou alvo de tiros.
O presidente afirmou ainda que o governo será "muito duro" com essa questão e que travará uma luta séria para acabar com a violência contra as mulheres no país.
"Se o cidadão não respeitar as mulheres, a lei vai para cima dele com tudo, para ele saber que lugar de marido que bate em mulher, de homem que bate em mulher, não é dentro de casa, é na cadeia."
Lula também criticou os autores de uma chacina em Sinop, também em Mato Grosso, que resultou em sete mortos em fevereiro por conta de uma aposta num jogo de sinuca.
"Quando um cidadão, jogando snooker, devia ser um vagabundo, porque jogar snooker três horas da tarde não é para trabalhador, ou seja, esse cidadão perdeu uma partida e resolveu matar sete pessoas sem nenhuma explicação, sem nenhuma explicação. A gente vê na TV todos os dias pessoas agredindo pessoas em supermercado, no aeroporto, no shopping, o país foi tomado pela violência porque a mentira predominou, o ódio predominou [nos últimos anos]", disse.
Antes de seu discurso, Lula se emocionou quando o prefeito José Carlos Junqueira de Araújo, o José Carlos do Pátio (PSB), citou em sua fala a homenagem feita pela cidade ao neto do presidente Arthur Araújo Lula da Silva.
O garoto, que morreu aos sete anos de meningite meningocócica em março de 2019, quando Lula estava preso em Curitiba, dá nome a uma creche na cidade. O projeto foi aprovado pela Câmara na última semana com 13 votos.
"Eu fui autorizado pela dona Janja [primeira-dama]. A creche leva o nome do Arthur Lula da Silva. Eu não ia falar isso, não. Eu sei o que é a dor de um avô que sofreu, que estava lá, lá em Curitiba, e teve que ver isso. Presidente Lula, você é forte, você é um cara muito importante para nós", disse o prefeito. Enquanto ele falava, Lula ficou com os olhos cheios d'água.
CONFUSÃO
Antes do início do evento, o deputado federal Abílio Brunini (PL-MT) chegou ao local com um adesivo na camiseta com a frase "Fora Lula" e disse ao segurança que deveria haver uma fila para "todes", numa crítica ao termo neutro.
Depois, um grupo de pessoas que participaria da entrega de moradias e acompanhou a cena começou a gritar "Fora Bolsonaro".
O deputado bolsonarista começou a discutir com um homem e precisou ser escoltado por seguranças no meio de vaias.
Deputado de primeiro mandato, Brunini chegou a gravar um vídeo no salão verde da Câmara afirmando que os estragos provocados nos atos golpistas de 8 de janeiro eram mentira.
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