Os amantes do rádio certamente já escutaram, em algum momento, a voz de Vinícius França, radialista e jornalista, que começou a carreira no início da década de 1980.
Até 2022, era voz padrão das rádios Capital, em São Paulo, e Metrópole, em Salvador. Foi âncora de programas jornalísticos como Primeira Edição, da Rádio Estadão, e Ciranda da Cidade, da Bandeirantes. Passou pela Jovem Pan, Cidade, Transamérica, Stereo Vale, Opus e Nativa.
"Foi um privilégio ter trabalhado com um profissional desse calibre", disse o apresentador do Jornal da Eldorado, Igor Muller, na última segunda (20) durante homenagem ao radialista.
França morreu no último sábado (18), dia em que completou 63 anos, em decorrência de um câncer de orofaringe.
"Impressionava como ele trabalhava e desenhava as palavras. Eu me encantava. Aprendi muito." Muller contou que França era um homem gigante (1,90 metro de altura e 120 kg), muito afável, que aparecia para trabalhar, às vezes, usando jardineira.
"Era um ursão. Chegava abraçando todo mundo. Trabalhei com ele na Bandeirantes. Era uma pessoa alegre", disse Carolina Ercolin, que apresenta o Jornal Eldorado com Muller.
O jornalista foi homenageado ainda na Rádio Bandeirantes e nas redes sociais. A notícia da morte ficou entre as dez principais do Google na segunda.
"Como entrevistador, pensava muito rápido e tinha sacadas que faziam toda a diferença", diz Lalá Moreira, 58, DJ e som designer da rádio Alfa.
"Uma vez, entrevistou o Paulo Maluf, ao vivo, quando houve uma pausa no bate-papo para que um repórter desse dicas de trânsito, direto do helicóptero", conta Moreira.
"Um ouvinte pediu o melhor caminho para sair da Lapa (zona oeste) para o Ipiranga (sul). Maluf aproveitou e disse que seria pegar a avenida dos Bandeirantes e depois o Complexo Viário Maria Maluf —construído na gestão dele e inaugurado em 1994."
Ao perceber que o político pegava carona para exaltar uma obra viária dele, França voltou a chamar o repórter e pediu que confirmasse a informação. "O repórter disse que estava sobre a área e que não era o trajeto mais rápido."
Segundo Luiz Fernando Magliocca, 75, consultor de rádio e TV, França era privilegiado. "Pouca gente consegue dominar todos os assuntos."
Antes de enveredar pelo jornalismo, ficou famoso ao lançar o Love Songs, programa romântico do início da década de 1980, da Rádio Cidade. "Foi o primeiro que falava de amor no FM", conta Moreira. Era romântico, mas sem ser meloso. "Fez tanto sucesso que as outras rádios lançaram propostas parecidas."
Nessa época, França ganhou centenas de fãs. Algumas o acompanharam até hoje. Compareceram recentemente no hospital, quando as rádios lançaram campanhas de doação de sangue para ajudá-lo no tratamento. Uma delas, que não podia doar sangue, levou o marido para que o fizesse.
A missa de 7º dia será realizada nesta sexta (24), na Igreja São José, no Jardim Europa, às 10h.
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