Polícia deve concluir reconstituição de ataque a escola em SP nesta sexta (31)

Análise de imagens de câmeras de segurança busca mostrar o que aluno de 13 anos fez antes, durante e depois do crime

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A Polícia Civil deve concluir nesta sexta-feira (31) cronologia do ataque na escola estadual Thomazia Montoro a partir das câmeras de segurança.

Esse procedimento é uma espécie de reconstituição do crime, mostrando por onde o autor do ataque entrou e o que fez antes, durante e depois do atentado.

Em primeiro plano, dois policiais fardados e armados andam na frente da escola, que tem o nome pintado no muro; ao fundo, movimentação de policiais e curiosos
Movimentação de policiais na porta da escola estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, em São Paulo, onde houve o ataque de um adolescente de 13 anos - Rubens Cavallari - 27.mar.2023/Folhapress

As imagens já mostraram, por exemplo, que o adolescente de 13 anos se encontrou com um colega em frente ao banheiro da escola minutos antes do ataque. Esse aluno é suspeito de ter auxiliado o autor do ataque. Eles conversaram, entraram juntos no banheiro e, após o colega sair, o agressor deixou o local usando uma máscara de caveira e partiu em direção à sala onde esfaqueou a professora.

Segundo o delegado Marcus Vinicius Reis, titular do 34º DP (Vila Sônia), a polícia estuda pedir novas quebras de sigilo eletrônico, dessa vez direcionadas a pessoas que se comunicavam com o autor do ataque nas redes sociais.

Nesta quinta (30) o delegado enviou ao Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital) o celular, um HD externo e um videogame Xbox do agressor para extração de dados. A delegacia deve receber uma cópia do conteúdo dos aparelhos eletrônicos. O procedimento é feito de maneira a garantir que não ocorra alteração dos dados.

"Tivemos uma resposta [do Decap] de que brevemente teremos uma cópia do conteúdo dos aparelhos eletrônicos", disse o delegado.

A investigação das redes sociais e da troca de mensagens eletrônicas é uma das principais frentes de investigação para descobrir se o autor do ataque teve um mentor, alguém que o tenha incentivado ou participado do crime.

A polícia já ouviu cerca de 40 testemunhas, entre alunos, professores, pais de estudantes da escola e policiais que atenderam a ocorrência.

O ATAQUE

Na manhã de segunda-feira (27), o estudante do oitavo ano do ensino fundamental matou a facadas a professora Elisabeth Tenreiro, 71.

Câmeras de segurança registraram o momento dos dois ataques. O adolescente usava uma máscara de caveira, entrou correndo na sala de aula e parte para cima da professora Elisabeth, que estava em pé.

A docente, que não percebeu a aproximação do aluno, foi atingida violentamente por diversos golpes nas costas e caiu no chão.

Em desespero, os alunos tentaram sair da sala, e alguns foram atacados pelo estudante.

Um segundo vídeo mostra o adolescente atingindo outra professora. Ele desfere vários golpes na mulher, que está em pé e tenta se proteger com os braços. Duas mulheres entram na sala, e uma delas consegue imobilizar o adolescente, enquanto a outra retira a faca das mãos dele.

O aluno agressor era novato na escola. Foi transferido para lá no início de março, após uma funcionária do colégio anterior registrar um boletim de ocorrência relatando comportamento agressivo do estudante, que vinha "postando vídeos comprometedores, por exemplo, portando uma arma de fogo e simulando ataques violentos".

A justificativa que o jovem deu para o ataque, segundo a polícia, foi o bullying que teria sofrido em diferentes escolas. Segundo o delegado, os colegas caçoavam da sua aparência franzina e do seu cabelo, por exemplo.

"Ele de fato tentou adquirir essa arma de fogo, fez algumas pesquisas via internet e não conseguiu de fato adquirir ou ter uma arma de fogo disponibilizada, o que certamente provocaria uma letalidade muito maior", disse Reis.

Em um bilhete à família, ele dizia que planejava o atentado havia dois anos, desde que tinha 11. Além do bullying, falou em tristeza e ódio acumulados ao longo dos anos, que ele escondia da família.

Na terça (28), a Justiça de São Paulo determinou internação provisória do aluno —a medida prevista pelo Estatuto da Criança e do Adolescente tem prazo máximo de 45 dias e só pode ser prorrogada após eventual condenação. Ele também passará por avaliação psiquiátrica.

Ele responderá por agressão, três tentativas de homicídio e homicídio qualificado consumado, além da suspeita de injúria racial praticada dias antes contra um colega.

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