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Processo contra BHP por tragédia em Mariana pode ultrapassar R$ 200 bilhões

Segundo advogado, mais de 700 mil pessoas participam da ação; empresa diz refutar integralmente os pedidos formulados

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Sam Tobin
Londres | Reuters

A mineradora BHP está potencialmente enfrentando um processo de 36 bilhões de libras (cerca de R$ 229 bilhões) em Londres devido ao pior desastre ambiental do Brasil, depois que o número de reclamantes mais que triplicou para 700 mil, disseram seus advogados nesta quarta-feira (15).

A BHP foi inicialmente processada por cerca de 200 mil brasileiros pelo rompimento da barragem de Fundão em 2015, de propriedade da joint venture Samarco entre a BHP e a mineradora brasileira Vale.

O desastre matou 19 pessoas e despejou mais de 40 milhões de metros cúbicos de lama e resíduos de mineração no rio Doce, destruindo comunidades e atingindo o Oceano Atlântico a mais de 650 km de distância.

Canteiro de obras da reconstrução do distrito Bento Rodrigues, na cidade de Mariana, que foi destruído pela lama da barragem da mineradora Samarco, em 2015
A reconstrução do distrito Bento Rodrigues, na cidade de Mariana, que foi destruído pela lama da barragem da mineradora Samarco, em 2015 - Adriano Vizoni - 21.out.20/Folhapress

A BHP, maior mineradora do mundo em valor de mercado, nega responsabilidade e em dezembro entrou com um pedido para inclusão da Vale no caso. A Vale disse em comunicado na época que "pretende contestar qualquer suposta responsabilidade".

Em nota, a BHP afirmou que refuta integralmente os pedidos formulados pelos autores da ação movida no Reino Unido e que continuará a se defender no caso.

Disse também que o processo movido na Inglaterra é desnecessário por duplicar questões já cobertas pelo trabalho contínuo de reparação da Fundação Renova e objeto de processos judiciais em andamento no Brasil.

"A ação no Reino Unido ainda se encontra em fase preliminar. Os detalhes completos e valores relacionados aos novos requerentes e seus pleitos ainda não foram disponibilizados ao Tribunal inglês ou à BHP", afirmou a empresa.

A Vale não quis comentar.

O processo, um dos maiores da história jurídica inglesa, foi apresentado em 2020 antes que o Tribunal de Apelação decidisse em julho que poderia prosseguir. A BHP recorreu ao Supremo Tribunal para anular essa decisão e sua aplicação está pendente.

Os advogados que representam os requerentes disseram nesta quarta-feira que o número de requerentes aumentou para mais de 700 mil, elevando a conta potencial se eles forem bem-sucedidos para US$ 44 bilhões, incluindo juros.

Tom Goodhead, CEO do escritório de advocacia Pogust Goodhead, que representa os reclamantes, disse em um comunicado: "Ao não entrar em um acordo negociado para esses processos em 2018, depois que eles foram instaurados, bem como ao não pagar uma indenização adequada no Brasil, o número de requerentes mais do que triplicou para mais de 700 mil."

A Samarco tem reiterado compromisso com a reparação integral dos danos com o rompimento da barragem em 2015. Até janeiro deste ano, segundo o site da Fundação Renova, foram destinados mais de R$ 28,4 bilhões para reparações e compensações.

A BHP disse ainda em nota que continua atuando em estreita colaboração com a Samarco e a Vale para apoiar os programas de reparação e compensação implementados pela Fundação sob a supervisão dos tribunais brasileiros.

Até o fim do ano passado, tais programas custearam cerca de R$ 28,07 bilhões em trabalhos de compensação financeira e reparação, incluindo R$ 13,5 bilhões pagos em indenizações e auxílio financeiro emergencial a mais de 410 mil pessoas. Além disso, cerca de 70% dos projetos de reassentamento já foram finalizados, segundo a empresa.

Colaborou Ernest Scheyder

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