Casas Bahia fecham loja, e antiga sede do Mappin volta a ficar vazia no centro de SP

Dona da rede de lojas, Via Varejo ocupava os 14 andares do edifício, que está sem locatário definido, em meio à degradação da região

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São Paulo

A loja das Casas Bahia que ocupava o edifício João Brícola —mais conhecido por ter abrigado a loja de departamento Mappin— no centro de São Paulo, fechou as portas na última sexta-feira (3).

A Via Varejo, dona da rede de lojas Casas Bahia, está desocupando aos poucos os 14 andares que mantinha no prédio em frente ao Theatro Municipal.

O edifício João Brícola, conhecido por ter abrigado a sede do antigo Mappin, com as portas fechadas após a saída das Casas Bahia do local - Danilo Verpa/Folhapress

O esvaziamento do prédio histórico ocorre em meio à degradação da região central nos últimos três anos, com o crescimento da população de moradores de rua e a fuga de comércios durante a pandemia. O mesmo quarteirão do edifício João Brícola e as ruas do entorno estão repletos de lojas fechadas e faixas com o anúncio "aluga-se".

Proprietária do edifício, a São Carlos diz que conversa com empresas do varejo, de saúde e de educação para definir o destino do imóvel. Ela ainda não sabe se o andar térreo será alugado para apenas um locatário ou se será dividido entre mais de um estabelecimento comercial.

O mesmo vale para os demais andares do prédio, que até agora era ocupado apenas pela empresa que controla a Casas Bahia. Segundo a proprietária do imóvel, a Via Varejo comunicou a intenção de deixar o local em meados de 2022.

O preço do aluguel no local é de R$ 200 por metro quadrado no andar térreo, o que faz com que a locação de todo o pavimento saia por R$ 200 mil.

O edifício João Brícola nunca foi de propriedade de nenhuma rede de varejo, apesar de seu uso ter sido marcado pelas megalojas desde a inauguração. A Santa Casa de Misericórida era a proprietária do imóvel até 2019, quando ele foi vendido para a São Carlos.

Na manhã desta segunda-feira (6), clientes desavisados deparavam-se com o portão fechado da loja e deixavam o local frustrados. Cartazes informavam que o fechamento é temporário e orientam os clientes a procurar atendimento em uma loja no Shopping Metrô Santa Cruz, a mais de seis quilômetros de distância.

A doméstica Lindinalva Margarida, 50, vai mensalmente ao local para emitir um boleto da rede varejista, que costuma pagar no mesmo dia do vencimento. Ela mora em Pirituba, na zona norte da capital, trabalha no centro e vai à loja sempre nos intervalos de almoço. Surpresa com o fechamento, Margarida já calculava um prejuízo financeiro por causa da mudança.

"Amanhã eu pago atrasado, mas também pago um juro danado por causa disso", reclamou, justificando que nunca conseguiu fazer esse pagamento pela internet.

A situação de abandono da região, com dezenas de estabelecimentos fechados no entorno do edifício, ocorre em meio ao aumento da violência no centro de São Paulo. De janeiro a outubro do ano passado, a região da Sé teve 5.800 roubos registrados, um aumento de 82% em relação ao mesmo período do ano anterior. O mesmo ocorre nos bairros de Campos Elíseos e Santa Cecília, também na região central.

Um dos símbolos da verticalização da capital paulista, o edifício foi projetado na década de 1930 pelo arquiteto Elisário Bahiana, o mesmo que desenhou o viaduto do Chá, que conecta a praça Ramos de Azevedo à praça do Patriarca. O plano era que o edifício sediasse o banco Banespa, mas acabou preterido pela construção do que se tornou um dos maiores arranha-céus do país, o Altino Arantes.

O Mappin inaugurou uma megaloja no edifício em 1939 e ali ficou por 60 anos. A Casas Bahia alugava o local havia 19 anos.

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