A Vale pagará US$ 55,9 milhões (R$ 289 milhões) à SEC, a comissão de valores dos Estados Unidos, para encerrar uma ação movida pelo órgão após o rompimento da barragem da companhia em Brumadinho, Minas Gerais. A decisão da mineradora foi divulgada nesta terça-feira (28).
O acordo entrará em vigor assim que for ratificado pelo Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o Distrito Leste de Nova York.
"Além disso, a SEC não se oporá à moção da Vale para rejeitar todas as alegações de que a companhia agiu com intenção fraudulenta ou imprudente em relação às suas divulgações", afirmou a companhia, citando que mantém o compromisso de reparar os danos causados pelo rompimento da barragem em 2019.
Passados quatro anos do rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, que pertencia à Vale, bombeiros ainda fazem buscas por três vítimas desaparecidas, enquanto a ação que apura responsabilidades sobre o caso avança após por idas e vindas na Justiça brasileira.
Na véspera dos quatro anos da tragédia, que matou 270 pessoas em 25 de janeiro de 2019, a Justiça Federal em Minas Gerais acatou denúncia do MPF (Ministério Público Federal) contra 16 executivos da Vale e da empresa de consultoria Tüv Süd.
O desastre, que matou 270 pessoas em 25 de janeiro de 2019, despejou 9,7 milhões de metros cúbicos de lama em poucos segundos sobre terminais de carga, um refeitório e outras estruturas onde estavam funcionários da Vale e terceirizados. De lá, o tsunami carregado de rejeitos de mineração atingiu ainda uma pousada, áreas de vegetação e animais e o leito do rio Paraopeba, entre outros pontos.
Entre estavam duas grávidas, o que leva famílias a contabilizar 272 mortos. Três vítimas ainda não foram localizadas, e bombeiros seguem com as buscas por meio de estações que recebem material retirado da área atingida.
Tanto a Vale e quanto a Tüv Süd e representantes dos réus têm negado as acusações.
Em nota, a Vale diz que a barragem era considerada segura por especialistas e em auditorias e que relatórios internacionais após a tragédia apontam que o rompimento ocorreu sem sinal prévio.
"A Vale reafirma o seu profundo respeito pelas famílias impactadas direta e indiretamente pelo rompimento da Barragem 1, em Brumadinho, e segue comprometida com a reparação e compensação dos danos".
A empresa, porém, não comentou sobre os pontos citados na denúncia, como o uso de declarações falsas de estabilidade.
Procurada, a Tüv Süd diz que "continua profundamente abalada pelo trágico colapso da barragem em Brumadinho".
"Nossos pensamentos estão com as vítimas e suas famílias. Contudo, estamos convencidos/seguros de que a Tüv Süd não tem responsabilidade legal pelo rompimento", diz o grupo, segundo quem "a responsabilidade da operadora da barragem já foi estabelecida".
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.