Vale pagará R$ 289 milhões para encerrar ação por Brumadinho nos EUA

Empresa, porém, continua respondendo a processo judicial no Brasil pela tragédia que matou 272 pessoas em 2019

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Nayara Figueiredo
São Paulo | Reuters

A Vale pagará US$ 55,9 milhões (R$ 289 milhões) à SEC, a comissão de valores dos Estados Unidos, para encerrar uma ação movida pelo órgão após o rompimento da barragem da companhia em Brumadinho, Minas Gerais. A decisão da mineradora foi divulgada nesta terça-feira (28).

O acordo entrará em vigor assim que for ratificado pelo Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o Distrito Leste de Nova York.

"Além disso, a SEC não se oporá à moção da Vale para rejeitar todas as alegações de que a companhia agiu com intenção fraudulenta ou imprudente em relação às suas divulgações", afirmou a companhia, citando que mantém o compromisso de reparar os danos causados pelo rompimento da barragem em 2019.

Visão aérea da mina da Vale no córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), local da tragédia que matou 272 pessoas em 2019 após o rompimento da barragem
Visão aérea da mina da Vale no córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), local da tragédia que matou 272 pessoas em 2019 após o rompimento da barragem - Douglas Magno - 24.jul.22/AFP

Passados quatro anos do rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, que pertencia à Vale, bombeiros ainda fazem buscas por três vítimas desaparecidas, enquanto a ação que apura responsabilidades sobre o caso avança após por idas e vindas na Justiça brasileira.

Na véspera dos quatro anos da tragédia, que matou 270 pessoas em 25 de janeiro de 2019, a Justiça Federal em Minas Gerais acatou denúncia do MPF (Ministério Público Federal) contra 16 executivos da Vale e da empresa de consultoria Tüv Süd.

O desastre, que matou 270 pessoas em 25 de janeiro de 2019, despejou 9,7 milhões de metros cúbicos de lama em poucos segundos sobre terminais de carga, um refeitório e outras estruturas onde estavam funcionários da Vale e terceirizados. De lá, o tsunami carregado de rejeitos de mineração atingiu ainda uma pousada, áreas de vegetação e animais e o leito do rio Paraopeba, entre outros pontos.

Entre estavam duas grávidas, o que leva famílias a contabilizar 272 mortos. Três vítimas ainda não foram localizadas, e bombeiros seguem com as buscas por meio de estações que recebem material retirado da área atingida.

Tanto a Vale e quanto a Tüv Süd e representantes dos réus têm negado as acusações.

Em nota, a Vale diz que a barragem era considerada segura por especialistas e em auditorias e que relatórios internacionais após a tragédia apontam que o rompimento ocorreu sem sinal prévio.

"A Vale reafirma o seu profundo respeito pelas famílias impactadas direta e indiretamente pelo rompimento da Barragem 1, em Brumadinho, e segue comprometida com a reparação e compensação dos danos".

A empresa, porém, não comentou sobre os pontos citados na denúncia, como o uso de declarações falsas de estabilidade.

Procurada, a Tüv Süd diz que "continua profundamente abalada pelo trágico colapso da barragem em Brumadinho".

"Nossos pensamentos estão com as vítimas e suas famílias. Contudo, estamos convencidos/seguros de que a Tüv Süd não tem responsabilidade legal pelo rompimento", diz o grupo, segundo quem "a responsabilidade da operadora da barragem já foi estabelecida".

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