Descrição de chapéu Obituário Túlio Jorge dos Santos (1947 - 2023)

Mortes: Astrônomo, fez da divulgação científica sua grande missão

Professor aposentado da UFMG, Túlio Jorge dos Santos transmitia o conhecimento com humildade e entusiasmo

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Belo Horizonte

Por mais de duas décadas, ao menos duas vezes na semana, o astrônomo Túlio Jorge dos Santos subia a serra da Piedade, a 1.746 metros de altitude. No Observatório Astronômico Frei Rosário, em Caeté (MG), a 50 km de Belo Horizonte, ele apresentou o universo a milhares de visitantes e formou gerações de monitores de astronomia.

Ao longo de sua carreira como professor no departamento de física do Instituto de Ciências Exatas (ICEx) da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), foram muitos trabalhos de divulgação científica. Além das noites de observação celeste, havia sempre eventos para compartilhar com a comunidade o conhecimento desenvolvido na universidade.

Túlio Jorge dos Santos (1947 - 2023)
Túlio Jorge dos Santos (1947 - 2023) - Arquivo pessoal

"Pelo menos uma vez por mês, a gente viajava e levava telescópio, planetário inflável, laboratório interativo e palestras para o interior", disse o professor Renato Las Casas, 70, amigo e colega.

Juntos, os dois produziram programas sobre astronomia na rádio Inconfidência e na UFMG Educativa. Mesmo aposentado, Túlio Jorge seguiu com colunas de ciência na programação.

Alunos e colegas citam a humildade, a eloquência e o conhecimento como suas qualidades. O especialista em astrofísica estelar fascinava quem assistia às suas exposições.

O entusiasmo com que falava sobre as estruturas do universo provocava uma força de atração na formação dos estudantes. Muitos deles decidiam seguir os seus estudos na área.

"O Túlio era um cara culto. Mas você pode pensar ‘professor universitário é culto’. Não. O Túlio era bem mais culto que a média", afirma Las Casas. "Estar com ele rendia muitas conversas prazerosas."

Dono de uma biblioteca com livros de física, astrofísica e mecânica clássica, ele também "tinha paixão por literatura", conta Vera Casa Nova, 78, sua mulher.

Casados havia 45 anos, Túlio Jorge sempre pedia a ela indicações bibliográficas de romances, poesia e filosofia. "Ele amava os escritores angolanos", disse Vera, professora aposentada da Faculdade de Letras da UFMG.

Bom de bola, durante muitos anos ele jogou futebol com os colegas de departamento, às sextas-feiras, após o expediente. Era flamenguista, mas tinha uma grande paixão pelo Villa Nova, de Nova Lima (MG), cidade onde nasceu.

Túlio Jorge morreu dia 1º de abril, aos 75 anos, de infarto do miocárdio. Deixa mulher, uma filha, uma enteada e dois netos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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