Descrição de chapéu Obituário Roberto Moreira Júnior (1963 - 2023)

Mortes: Maestro Neno dedicou sua vida ao Carnaval paulistano

De ritmista a mestre de bateria, Roberto Moreira Júnior ainda trabalhou na banda de Bezerra da Silva

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O Carnaval paulistano entrou em luto com a morte de Roberto Moreira Júnior, o Maestro Neno, como gostava de ser chamado. Nascido no dia 10 de janeiro de 1963 na capital paulista, ele começou no samba como passista aos 6 anos de idade, seguindo sua mãe, Teresa Mulata, na Unidos de Vila Maria.

Ele ficou pouco tempo naquela escola porque sua mãe logo se transferiu para a Mocidade Alegre, no bairro do Limão, onde ajudou a fundar a ala das baianas na agremiação também da zona norte de São Paulo. E foi lá que ele começou a carreira musical que o levou às maiores conquistas do samba da cidade.

Neno, apelido dado pela mãe, tornou-se o primeiro ritmista mirim da bateria da Mocidade, tocando surdo de segunda. Na verdade, um repinique adaptado para ele tocar como surdo.

Roberto Moreira Júnior (1963 - 2023)
Roberto Moreira Júnior (1963 - 2023) - Arquivo pessoal

Manteve a rotina na escola até os 14 anos, quando fez amizade com componentes da Camisa Verde e Branco, na Barra Funda. Assim, ele se mudou para a nova escola e já chegou sendo campeão do Carnaval paulistano em 1975.

Maestro Neno assumiu como mestre de bateria da Camisa pela primeira vez em 1990 e ficou até 2005. "Desde então, ganhou três títulos à frente da bateria, em 1990, 1991 e 1993, além de alguns estandartes de ouro e troféus nota 10", lembra o filho Fernando Neninho, que é o atual mestre de bateria da Pérola Negra, da Vila Madalena, zona oeste.

Outro filho, João Gabriel, também seguiu a carreira de mestre de bateria da Camisa 12, agremiação do Belenzinho, na zona leste, que teve o Maestro Neno como um dos fundadores.

Mas não foi apenas no sambódromo que o maestro fez sucesso. Como principal ritmista da Camisa Verde e Branco, ele foi levado pelo então presidente Tobias para participar das gravações dos discos do Carnaval paulistano, nas quais ele tocava todos os instrumentos menos a cuíca, segundo Fernando. Por 30 anos ele fez parte das gravações, que tinha a participação do melhor ritmista de cada escola.

A técnica de Neno acabou abrindo outras portas para ele no showbiz. "Uma vez, nos anos 1980, o Bezerra da Silva foi ao ensaio do Camisa e viu ele tocando, se encantou e ele entrou para a banda do Bezerra. Era o único paulistano na banda que era totalmente carioca, praticamente composta pelo conjunto Nosso Samba", conta Fernando.

Em 2009, o maestro resolveu se aposentar e deixou de ser mestre de bateria e de trabalhar em shows.

"Ele quis parar no auge. Não quis passar uma impressão de ultrapassado, de estar atrapalhando. Só que me tornei diretor de bateria e todos os anos ele vinha comigo na frente da bateria, como presidente, ou maestro, como gostava de ser chamado. E na Camisa 12 com meu irmão, também", diz Fernando.

Maestro Neno morreu aos 60 anos no dia 2 de abril, de infarto fulminante, enquanto dormia em casa. Deixa a esposa, Luisa Cristina, com quem foi casado por quase 40 anos, os filhos Leandro (do primeiro casamento), Marina, Fernando Neninho, Luís Felipe, Mayra e João Gabriel; e os netos Thairan, Joana, Bernardo, Manuela, Sofia, Valentina e Maria.


coluna.obituario@grupofolha.com.br

Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missa

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.