Sé registra maior número de roubos da série histórica em janeiro e fevereiro

OUTRO LADO: Polícia atribui aumento nos dois primeiros meses da gestão Tarcísio à existência de feira do rolo e diz que atua para coibir tráfico no local

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São Paulo

A região da praça da Sé, no centro de São Paulo, virou uma espécie de briga de gato e rato em plena luz do dia. A reportagem esteve no local durante 40 minutos na última terça (4) e presenciou em diversos momentos policiais militares correndo na direção de suspeitos de roubo e furto.

A correria chega a ser cinematográfica, com motos avançando na direção de suspeitos, que fogem em bicicletas ou a pé. No meio de tudo isso, pessoas transitam saindo ou entrando na estação de metrô cravada no meio da praça.

As ações policiais ocorrem no mesmo momento em que o 1º DP (Sé) registrou, nos dois primeiro meses do ano, o maior número de roubos da série histórica, iniciada em 2002. Em dois meses, foram registrados pela delegacia 956 roubos, sendo 497 casos em janeiro e outros 459 em fevereiro.

Policiais na praça da Sé, no centro de São Paulo - Rubens Cavallari/Folhapress

A soma alcançada neste ano é 63% superior ao observado no mesmo período do ano passado e 95% maior se comparado com os dois primeiros meses de 2019, período pré-pandemia.

Já em relação aos furtos, ou seja, investidas criminosas sem violência, foram anotadas 1.967 ocorrências em janeiro e fevereiro deste ano. O índice é 41% mais alto do que o registrado em semelhante período do ano anterior e 53% superior a 2021. Entretanto, os números atuais são menores do que o observado no período pré-pandemia, quando 2.495 registros foram elaborados em 2019.

A reportagem procurou a SSP (Secretaria da Segurança Pública) para saber sobre a situação que ocorre nos primeiros meses da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos). A pasta indicou o delegado Daniel Borgues, da 1ª Seccional, para abordar o tema. Para ele, o aumento nos crimes está ligado a uma feira do rolo que ali se instalou para trocar ou comercializar produtos desviados. O delegado também afirma que o crescente número de casos é espelho da situação pós-pandemia que o país vivenciou.

"Infelizmente, na praça da Sé ocorreu essa grande explosão nas estatísticas, por conta dessa instalação da chamada feira do rolo, que nós estamos paulatinamente com trabalho de investigação e de inteligência para prender os receptadores e desmantelar toda e qualquer situação de condutas criminosas", disse o delegado explicar que as ações acontecem em conjunto com a PM.

Na tarde de terça, mesmo com reforço nas equipes da Polícia Militar, inclusive com apoio de policiais de batalhões distantes, como da Penha, na zona leste, Jabaquara, na zona sul, Morumbi, na zona oeste, e Carandiru, na zona norte, além da GCM (Guarda Civil Metropolitana), os batedores de carteira, celular e correntinha insistiam em fazer da Sé seu abrigo, se valendo do grande trânsito de pessoas.

Em uma dessas correrias, policiais militares apreenderem uma pessoa, que aparentava ser adolescente. Após ser revistada, ela foi liberada. Uma bicicleta foi apreendida pelos policiais. Pouco depois, uma nova correria pôde ser vista, sem que qualquer pessoa fosse detida.

A reportagem caminhou pela praça e notou que a feira do rolo, que fica ao lado de uma base da GCM, não operava naquele instante.

Quem também havia sido desmobilizada, ao menos naquela tarde, era uma cracolândia que se formou ali. No entanto, nas proximidades do Tribunal de Justiça, era possível ver diversos pinos de cocaína vazios dispensados pelo chão.

Além da correria entre policiais e suspeitos, quem também corria eram os ambulantes, que tentavam despistar as equipes de fiscalização e remoção da Prefeitura de São Paulo.

Para a historiadora Glaucia Garcia, o problema de violência na Sé é antigo e que todos perdem com o clima que se faz presente na região. "O turista, os religiosos, o cidadão em geral. A pessoa que não pode parar na via pública para admirar um prédio, pois tem medo, se sente insegura."

Borgues declarou que as polícias buscam asfixiar o tráfico na Sé e na cracolândia. Conforme o delegado, 70 pessoas já foram presas por tráfico e crimes patrimoniais no período de dois meses. Segundo ele, 200 celulares foram apreendidos no mesmo período.

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