Descrição de chapéu Obituário Onézia de Fátima Santos Machado (1956 - 2023)

Mortes: Estudiosa, ajudou a preservar a tradição do congado em Minas

Onézia de Fátima Santos Machado foi professora e, já aposentada, deu aulas a jovens e adultos como voluntária

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Salvador

Onézia, filha de uma lavadeira e de um pedreiro, foi a primeira da família a se formar em uma faculdade. Sabia dos desafios que uma mulher preta precisa enfrentar para alcançar seus objetivos. Em 2015, ela realizou outro sonho quando sua filha mais nova se graduou em enfermagem.

Nascida em Araguari (MG), em 1956, Onézia de Fátima Santos Machado sempre foi apaixonada pelos estudos. Concluiu o magistério no Colégio Sagrado Coração de Jesus e, depois, cursou história e geografia na Universidade Presidente Antônio Carlos.

"Minha mãe lia muito. Quase todo dia você a via com um livro diferente", contou sua filha Mariana, 29.

Onézia de Fátima Santos (1956 - 2023)
Onézia de Fátima Santos Machado (1956 - 2023) - Arquivo pessoal

Na década de 1980, Onézia mudou-se para o interior de São Paulo, onde trabalhou como historiadora. Anos depois, quando voltou para Araguari, se formou em filosofia e sociologia. Ao longo da vida, foi professora em dez escolas. Perto de se aposentar, decidiu dar aulas como voluntária na educação de jovens e adultos.

Nos fundos da casa onde morou por 47 anos com sua família está uma herança deixada por seu avô e o irmão dele. É lá que fica a sede do terno de congado mais antigo da cidade, o Congo Verde, que Onézia presidiu por 27 anos. Dedicada à preservação dessa tradição, ela fez parte da Associação de Congada Araguari.

O Congo Verde é, agora, uma herança deixada por ela. "Eu e minha família vamos cuidar", disse Mariana.

Onézia era engajada na luta contra o racismo. Trabalhou no Conselho Municipal de Promoção de Igualdade Racial e no grupo Mutirão. Mais recentemente, fez pesquisas para o livro "Raízes, Fundamentos, Tradições", organizado por Jeremias Brasileiro, doutor pela Universidade Federal de Uberlândia.

Muito religiosa, Onézia era espírita e frequentava a Tenda São João Batista, onde também participava de cerimônias como batizados. E rezava terços com sua comissão de oração.

Em 2018, descobriu que duas artérias estavam comprometidas e passou por cirurgias bem-sucedidas. Há algumas semanas, porém, o problema retornou e ela foi submetida a novos procedimentos. A recuperação teve complicações, e Onézia morreu no dia 9 de abril.

Nas redes sociais não faltaram homenagens. Alunos, professores, amigos, colegas e parentes enfatizaram o quão Onézia era querida em Araguari.

Ela deixa o marido, Marcos Machado, os filhos, Manoel Flávio e Mariana, sete netos e uma bisneta.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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