Descrição de chapéu Obituário Vagner Benazzi de Andrade (1954 - 2023)

Mortes: 'Rei do Acesso', fez história como jogador e técnico

Vagner Benazzi era um especialista em fazer times subirem de divisão no futebol brasileiro

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São Paulo

Era quase fim da temporada de 2006 quando a Portuguesa foi goleada pelo Marília por 4 a 0. O placar vexatório —e a lanterna na tabela de classificação da Série B do Campeonato Brasileiro— custaram o cargo do técnico Candinho e sinalizavam que apenas um milagre salvaria o clube do Canindé naquele ano.

E o milagre veio. Com Vagner Benazzi no banco, a Lusa conseguiu deixar a zona de degola na última rodada, aos 44 minutos do segundo tempo, com a virada por 3 a 2 sobre o Sport, no estádio da Ilha do Retiro, no Recife.

Vagner Benazzi durante treino do Botafogo de Ribeirão Preto; técnico morreu nesta segunda (22), aos 68 anos - Silva Júnior - 6.mar.12/Folhapress

A Portuguesa apostou certo na contratação de um treinador que ao longo de sua história ficou conhecido como o "Rei do Acesso", por montar times com capacidade de ascender de divisão —no ano seguinte, com Benazzi à frente, a Lusa subiu para a elite dos campeonatos estadual e nacional —e por salvar clubes desesperados

Nascido em Osasco, na região metropolitana de São Paulo, Benazzi era um lateral-direito que gostava de avançar e jogava mais lá na frente do que na marcação.

Vestiu a camisa do Palmeiras entre 1981 e 1982. Dois anos depois, em 1984, se tornou uma espécie de técnico dentro de campo do Paulista de Jundiaí (SP), campeão da segunda divisão de São Paulo naquele ano.

"Era um dos cabeças do time e ajudava, inclusive, na contratação de jogadores", afirmou o ex-goleiro Sérgio Vitorino, 68, que fez parte daquele plantel.

Benazzi encerrou a carreira como jogador e iniciou a de técnico em 1989 no São Carlense. Com o clube da cidade de São Carlos (SP) veio o primeiro acesso, com o título da Série A-3 do Campeonato Paulista.

A partir daí, cresceu uma vasta lista de feitos —foram mais de uma dezena de acessos. Fora de São Paulo, onde é até difícil contar o número de títulos pelo interior, colecionou canecos de campeão cearense (Fortaleza) e da Série B do Campeonato Brasileiro (Gama-DF), além de liderar a acessão de dois times catarinenses: Avaí e Figueirense.

Dos gramados que iam de rapadões a grandes estádios, a carreira de quase 30 anos como treinador terminou em 2016, no Nacional do Amazonas. "Era um treinador carismático, que falava a língua dos jogadores e sabia mexer com o emocional deles", diz Darcy Marques Júnior, 68, auxiliar-técnico de Benazzi por cerca de 20 anos.

Nesta segunda (22), por causa da notícia de sua morte, inúmeros clubes brasileiros usaram suas redes sociais para prestar homenagens ao técnico vencedor.

A Portuguesa mesmo se lembrou daquele jogo de 2006, que chamou de "Batalha da Ilha do Retiro". José Martins Pontes, 41, supervisor de futebol na época, recorda que um dos trunfos foi unir todo mundo no clube. Benazzi instituiu que parte do dinheiro do bicho, a premiação por vitória, fosse revertida em cestas básicas para os funcionários da Lusa. "Era chamado por muitos de Tio Bena."

Com demência frontotemporal nos últimos anos, Benazzi acabou internado no domingo (21) e morreu na madrugada desta segunda, aos 68 anos. Deixou mulher e três filhos. Foi enterrado em Osasco.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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