Campinas estuda esterilização de capivaras após casos de febre maculosa

Medida seria uma forma de controle do aumento populacional do animal hospedeiro do carrapato-estrela, transmissor da febre maculosa; já foram mapeadas 200 na cidade

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São Paulo

A Prefeitura de Campinas avalia esterilizar capivaras para conter o aumento populacional do animal —um dos principais hospedeiros do carrapato-estrela, que transmite a febre maculosa.

Quatro mortes foram confirmadas no município este mês em decorrência da doença. Todas as vítimas estiveram na fazenda Santa Margarida, no distrito de Joaquim Egídio, local considerado o epicentro da contaminação na região.

A prefeitura de Belo Horizonte começou a esterilizar capivaras em 2017, após uma morte causada por febre maculosa. Com isso, conseguiu diminuir o número de animais na região da lagoa da Pampulha

Capivaras em meio às árvores no Parque Taquaral em Campinas - Rubens Cavallari - 15.jun.2023/Folhapress

As mortes de Campinas assustaram o moradores e comerciantes da cidade, que tem prejuízos com a possível fuga de turistas.

A medida em avaliação pelo município seria uma forma de controlar a população do animal, que pode ser encontrado em grande número em diversas áreas públicas e privadas da cidade.

Os animais da espécie circulam em áreas verdes, inclusive urbanas, especialmente perto de água, como rios, lagos e córregos. O aumento da população acontece em grande parte devido à extinção local da onça-pintada, principal predador do roedor.

"A remoção ou eliminação das capivaras de espaços públicos já se mostrou ineficiente. Quando retiradas, os locais são novamente ocupados por outras. E não adiantaria eliminar as capivaras para acabar com a doença, porque a febre maculosa fica no carrapato e qualquer outro mamífero poderia fazer o papel de hospedeiro", afirma a Secretaria do Verde.

O abate já foi testado no município e não funcionou. O Lago do Café, parque público ao lado do Parque Taquaral, o principal da cidade, e que tem muitos desses animais, ficou fechado por cinco anos, até 2013, por causa da febre maculosa. Entre 2008 e 2010, três funcionários do local morreram em decorrência da doença.

Em março de 2011, mesmo sob protestos de ambientalistas, 16 capivaras que viviam no Lago do Café foram abatidas na tentativa de reabrir o parque, mas pouco tempo depois novos animais surgiram no local.

O manejo de capivaras cabe ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), ligado ao Ministério do Meio Ambiente, e à Secretaria de Meio Ambiente do Estado.

O Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal está finalizando a contagem dos animais em Campinas —segundo a Secretaria do Verde, até agora foram computadas 200 capivaras.

"Com base nesses dados, o órgão irá entrar com pedido de licença para manejo e, caso seja concedida, a Prefeitura fará uma licitação para contratar o serviço de castração. A previsão é que o pedido de licença para manejo e as ações decorrentes sejam realizados no segundo semestre deste ano", finaliza a prefeitura.

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