SP tem mais da metade das mortes por febre maculosa no Brasil nos últimos 16 anos

Foram 577 óbitos de um total de 928; demais estados do Sudeste também concentram casos

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Brasília

O estado de São Paulo concentra 62% das 928 mortes por febre maculosa registradas no país nos últimos 16 anos, de 2007 até esta quarta-feira (14). Os dados são do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde.

Segundo a pasta, já foram confirmados 53 casos da doença neste ano no Brasil, dos quais oito resultaram em óbitos. São Paulo registrou 12 casos, sendo seis óbitos, quatro casos de cura e dois continuam em investigação.

Coordenador de pesquisa de controle de carrapato durante inspeção no campus da USP em Ribeirão Preto - Edson Silva - 14.jun.2023/Folhapress

A febre maculosa foi a causa da morte do piloto Douglas Pereira Costa, 42, e da namorada dele, a dentista Mariana Giodano, 36. Além de outra jovem, Evely Santos, 28, moradora em Hortolândia (109 km de SP).

Nesta terça (13), também morreu uma adolescente de 16 anos que estava internada em Campinas com suspeita de febre maculosa e que esteve na Fazenda Santa Margarida, a mesma onde os outros três estavam.

A fazenda é considerada o local provável de infecção, de acordo com a prefeitura de Campinas. O restaurante Seo Rosa, responsável pelo evento na fazenda, afirmou que soube da "fatalidade", mas que "não está confirmado que pegaram o carrapato no local".

Segundo Alexandre Naime, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, as mortes estão mais concentradas no Sudeste porque essa região tem um terreno mais propício para a proliferação do carrapato-estrela, principal responsável pela transmissão da febre maculosa.

Naime explicou ainda que a maior parte dos casos acontece em homens, isso porque geralmente são eles que vão em maior número para a atividade laboral no campo.

"Nessa época do ano, o carrapato se reproduz com mais frequência, e, consequentemente, tem mais mortes. O que está acontecendo em São Paulo é um surto localizado, mas não significa que neste ano há mais casos", explicou.

A doença é transmitida por carrapatos infectados pela bactéria Rickettsia rickettsii. Eles se prendem à pele dos seres humanos (e de outros mamíferos) para se alimentar e, com isso, acabam passando a doença.

O principal transmissor da febre maculosa é o carrapato-estrela. Seu nome científico é Amblyomma cajennense. Ele é um aracnídeo marrom pequeno que, depois de se alimentar, pode ficar gordo como um feijão. Não há transmissão de pessoa para pessoa.

O Ministério da Saúde disse, por meio de nota, que mantém contato com o estado de São Paulo para o acompanhamento das ações de vigilância e assistência, prestando suporte técnico e auxiliando na realização das ações.

Disse ainda que a pasta distribui aos estados antimicrobianos para o tratamento da febre maculosa, e vem promovendo ações recorrentes de capacitações direcionadas às vigilâncias estaduais e municipais, envolvendo profissionais da vigilância e da atenção à saúde.

Em áreas consideradas de risco, a pasta recomenda uso de roupas que cubram todo o corpo, com prioridade para calças, blusas ou camisetas com mangas compridas e sapatos fechados. E especialmente vestuário de cores claras.

"Dessa forma, os carrapatos podem ser vistos com maior facilidade pelo corpo. Examine o corpo com frequência. Quanto mais rápido os carrapatos forem retirados, menores as chances de infecções. Caso o animal esteja infestado por carrapatos, procure orientação de um médico veterinário", disse a pasta.

O médico deve ser procurado assim que ocorrerem manifestação dos sintomas, normalmente entre o 7º e o 14º dia após a picada. O quadro inclui febre alta, dor no corpo, forte dor de cabeça, mal-estar, manchas avermelhadas pelo corpo e manchas roxas. O agravamento ocorre em torno do quarto ou quinto dia.

"O tratamento oportuno é essencial para evitar formas mais graves da doença e óbitos. Assim que surgirem os primeiros sintomas, é importante que o paciente procure as unidades de saúde para avaliação médica e tratamento disponível no SUS", disse o Ministério da Saúde.

A secretaria de saúde de São Paulo foi procurada, mas ainda não retornou até a publicação deste texto.

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