Sobe para 11 o número de mortos em passagem de ciclone no RS

Autoridades do Rio Grande do Sul ainda buscam 15 desaparecidos em três municípios

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Rio de Janeiro e São Paulo

Pelo menos 11 pessoas morreram até o início da noite deste sábado (17) no Rio Grande do Sul, por causa da passagem de um ciclone extratropical pelo litoral gaúcho. Segundo a Defesa Civil estadual, outras 15 pessoas estavam desaparecidas. Também havia 2.330 desabrigadas e 602, desalojadas.

O ciclone provocou chuva ininterrupta e diversos estragos desde a noite de quinta-feira (15) no estado, sobretudo na região leste —que abrange, além do litoral, parte da serra gaúcha, a região dos vales e a região metropolitana de Porto Alegre.

Segundo balanço da Defesa Civil no fim da tarde deste sábado, 41 municípios haviam sido afetados.

Quatro mortes foram confirmadas no meio da tarde, sendo duas em Maquiné, uma em São Sebastião do Cai e uma em Esteio.

Equipes resgatam vítimas das chuvas em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
Equipes resgatam vítimas das chuvas em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul - Governo do Rio Grande do Sul

Uma dessas mortes é a de um bebê de quatro meses, que teria ficado ilhado em São Sebastião do Caí.

Outros dois registros de mortes foram informados pouco antes do meio-dia. Em Bom Princípio, a vítima foi um idoso de 73 anos, cujo carro caiu no Rio Caí. Em Caraá, a vítima ainda não foi identificada.

Ao todo, as mortes já confirmadas ocorreram em Maquiné (3), São Leopoldo (2), Novo Hamburgo, Caraá, Bom Princípio, São Sebastião do Caí e Esteio e Gravataí.

No meio da tarde, a Defesa Civil publicou que haviam 20 desaparecidos em Maquiné e Três Forquilhas. Às 20h20, porém, atualizou o número para 15 pessoas, sem especificar locais.

O governador Eduardo Leite (PSDB), que na manhã deste sábado sobrevoou de helicóptero os municípios de Caraá e Maquiné com o ministro de Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, afirmou que o cenário é de devastação.

Em publicação no Twitter, o tucano disse ter orientado a realização de uma reunião na segunda-feira (19) entre órgãos de Defesa Civil e prefeituras para discutir os planos de trabalho no socorro às vítimas e rescaldo dos danos da tragédia.

Em entrevista coletiva neste sábado em Santa Catarina, estado também atingido pelo ciclone, o ministro Waldez Góes falou que região Sul do país precisa se preparar para o aumento de eventos climáticos extremos.

O ministro citou a chegada do fenômeno climático El Niño, que provavelmente deve aumentar em 50% as chuvas no Sul, diminuindo na mesma proporção as no Nordeste, segundo ele.

"Será desafiador lidar com esses eventos extremos", afirmou. "Temos que estar preparados. É preciso todo mundo unido para prestar solidariedade, ajuda humanitária e reconstruir."

Góes disse ter viajado aos estados atingidos pelo ciclone por ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A comitiva teve também Paulo Pimenta (Comunicação) e André Quintão, secretário nacional de Assistência Social, e busca elaborar um plano de trabalho de apoio por causa da tragédia.

O governador gaúcho afirmou que na próxima semana irá a Brasília para intensificar as articulações por apoio aos municípios junto ao governo federal", escreveu.

Em alguns municípios, a quantidade de chuva ultrapassou em quase duas vezes o previsto para o mês. Foi o caso de Maquiné, no litoral norte, onde choveu mais de 290 milímetros, enquanto o esperado para o mês de junho é o acúmulo de 140 a 180 milímetros.

Na sexta-feira, o prefeito de Maquiné, João Marcos Bassani dos Santos (PDT), admitiu que apesar dos alertas, o município foi pego de surpresa —desde quinta-feira, o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) alertava para a gravidade do ciclone no Rio Grande do Sul.

"As famílias foram pegas de surpresa com nível de água", afirmou. "Foi a maior enchente que tivemos aqui no município, com 233 milímetros em 12 horas, é fora da realidade", disse em vídeo ao lado do governador.

Em Sapiranga, na região metropolitana de Porto Alegre, a Unidade de Pronto-Atendimento ficou alagada e pacientes tiveram de ser transferidos de bote para o hospital do município na sexta-feira.

Outro município da região em situação grave é Gravataí, onde choveu 233 milímetros. No distrito de Morungava, pessoas ficaram ilhadas.

Mesmo com a diminuição das chuvas no estado, diversos trechos de estradas seguem interditados, alguns com bloqueio total da via, de acordo com o Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem do governo estadual.

O órgão diz que "está mobilizando as equipes responsáveis pela conserva das rodovias afetadas a fim de reestabelecer as condições de tráfego o mais breve possível".

O Inmet prevê tempo até abertura de sol neste domingo (18) na região afetada e não há alertas sobre novas chuvas. O problema será o frio em meio aos problemas deixados pela inundação. Em Maquiné, por exemplo, a previsão é de mínima de 4ºC e a máxima não passa de 15ºC.

Em Santa Catarina, uma embarcação com pelo menos 12 tripulantes naufragou na noite de sexta. A região estava sob alerta de ressaca emitido pela Marinha do Brasil, diante das fortes chuvas provocadas pelo ciclone extratropical.

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