Descrição de chapéu transporte público

Solo cede com passagem do tatuzão por obra do metrô de SP, e avenida e imóveis são interditados

Acciona, empresa responsável pela construção da linha 6-laranja, diz que bloqueio se deve à 'frágil geologia do local'

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São Paulo

A passagem do tatuzão pela Freguesia do Ó, na zona norte de São Paulo, causou transtornos e também a interdição, desde sábado (24), de trecho da avenida Miguel Conejo e prédios comerciais na região, entre eles uma loja do McDonald’s e uma unidade da Drogaria São Paulo, além de um posto de atendimento da Defensoria Pública do Estado. O McDonald’s reabriu neste domingo depois de um engenheiro da própria rede realizar uma inspeção no local.

Na mesma região, outros prédios estão interditados desde janeiro, como um no qual funcionava uma creche filiada à Prefeitura de São Paulo. O impacto com a passagem do tatuzão rebaixou, ainda mais, o asfalto da avenida e as calçadas da creche e da farmácia.

A Acciona, responsável pelas obras da linha 6-laranja do metrô, afirma que precisou interditar a avenida, na altura do número 850, na manhã de sábado, de "forma preventiva em decorrência das atividades de escavação com a Tuneladora Norte".

Tatuzão é o nome popular da tuneladora. O equipamento tem 109 metros de comprimento, 10,61 metros de diâmetro e pesa 2.000 toneladas.

Operários trabalham na avenida Miguel Conejo; local foi interditado após problemas com a obra do metrô - Danilo Verpa/Folhapress

Um quarteirão da avenida Miguel Conejo permanecia fechado até a tarde deste domingo (25). Os motoristas são orientados a desviar pelas vias Mateus de Leão e Simão Velho.

Em nota à Folha, a assessoria da Acciona afirmou que a "ação [de interdição] é necessária em função da frágil geologia do local".

Também em nota, o Governo de São Paulo, por meio da CMCP (Comissão de Monitoramento das Concessões e Parcerias), afirma que uma nova avaliação será feita em até cinco dias.

"Técnicos da CMCP e da Linha Uni estão monitorando e acompanhando as obras e uma nova avaliação ocorrerá em até cinco dias. A concessionária está em contato com os estabelecimentos comerciais da região para todo o suporte de segurança necessário durante o período de avaliação dos espaços", diz a nota.

A reportagem esteve no local na manhã deste domingo e presenciou a conversa de um geólogo da Acciona com moradores vizinhos às escavações. Os profissionais da empresa, porém, não tinham autorização para dar entrevista.

No diálogo, o funcionário da Acciona explica que o tatuzão está a 38 metros do solo e poderia romper uma galeria [rio canalizado] situada abaixo da avenida Miguel Conejo.

Segundo o geólogo, a tuneladora precisou ficar estacionada no local porque se, por acaso rompesse a galeria, os estragos poderiam ter proporções mais graves.

A empresa, então, posicionou bombas e mangueiras para reposicionar a galeria, e somente a partir daí poderá reiniciar a perfuração com o tatuzão.

"A situação está sob controle. A equipe técnica está acionando poços de rebaixamento do lençol freático, atividade também já prevista, e as atividades da tuneladora devem retomar na próxima semana", afirma a construtora, responsável pela obra da linha 6-laranja do metrô.

INTERDIÇÕES

Com o abalo, segundo o funcionário, a Acciona solicitou a interdição do prédio com fachadas de vidro em que fica a farmácia e a Defensoria Pública. Há riscos de abalos e explosão das placas de vidro do prédio.

Também pediu a interdição do McDonald’s e da farmácia ainda no sábado, por volta das 8h. A lanchonete foi reaberta por volta das 13h deste domingo, e a Drogaria São Paulo não tem previsão de reabertura.

Em nota, o Grupo DPSP disse que suspendeu o atendimento por orientação da Acciona. Também não soube dizer quando voltará a operar. "Somente após liberação das autoridades e de uma avaliação estrutural, a ser realizada por empresa de engenharia que está sendo contratada para analisar o imóvel, as atividades serão retomadas", diz a rede de farmácias.

Calçada da creche e farmácia cede na avenida Miguel Conejo - Carlos Petrocilo/Folhapress

Mônica Toledo, dona do imóvel que estava alugado para a creche, disse que uma funcionária da Acciona destacada para orientar os moradores entrou em contato e pediu que ela não entre no imóvel antes do dia 10 de julho.

"Desde janeiro o solo [do imóvel] vem cedendo, até que a Defensoria Pública mandou interditar em janeiro e eu perdi os inquilinos [donos da creche]. Agora pediram para eu não entrar no imóvel até 10 de julho", disse Mônica. "Sei que uma obra desse porte tem problemas, mas não esperava tantos problemas."

Manoel Norinho Neto, proprietário de um prédio também interditado e vizinho ao de Mônica, esteve na avenida para tentar entender o que houve.

"Ficamos com medo, inseguros. Eles fecharam parte da avenida [Miguel Conejo] em outubro porque precisavam fazer uma obra onde tem um canal e rochas, para receber o tatuzão. Só agora que vem o tatuzão e temos novos problemas", afirma.

A obra da linha 6-laranja está prevista para ser entregue em 2025. Com 15 estações, a linha 6 vai ligar a Brasilândia, na zona norte, à estação São Joaquim, no centro, onde haverá interligação com a linha 1-azul do metrô.

A obra já é marcada por um acidente que abriu uma cratera na marginal Tietê, em fevereiro de 2022. À época, segundo a Sabesp, uma tubulação de esgoto se rompeu durante a passagem de um equipamento que perfura os túneis do metrô. Ninguém ficou ferido.

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