Brasileira presa injustamente na Alemanha comemora prisão de quadrilha que trocou bagagens

Kátyna Baía, 44, pede que companhias aéreas aumentem segurança das bagagens e cita a dor e o impacto dos 38 dias na prisão

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São Paulo

Kátyna Baía, 44, uma das brasileiras presas injustamente, em Frankfurt, na Alemanha, em março deste ano, em função da troca de etiquetas de suas bagagens, que foram colocadas em outras malas contendo 40 kg de cocaína, comemorou nesta terça-feira (18) a prisão dos mandantes e de integrantes da quadrilha que operava o esquema.

Baía foi presa junto de Jeanne Paolini, 40, acusadas de tráfico internacional de drogas. Elas foram postas em liberdade depois de 38 dias, com a comprovação de sua inocência.

"Hoje, Jeane e eu vamos esquecer as nossas dores físicas e emocionais para comemorar com vocês uma conquista que é de toda a nação brasileira. Após um trabalho de grande maestria e muita investigação, a Polícia Federal, hoje, prendeu vários integrantes dessa quadrilha que fez Jeanne e eu, e tantos brasileiros vítimas, deixando pessoas vulneráveis aos despacharmos as malas", disse em vídeo enviado à Folha por sua advogada, Luna Provázio.

Além de comemorar as prisões de pessoas apontadas como integrantes da quadrilha, Baía fez apelo para que as companhias aéreas reforcem a segurança após o despacho das bagagens.

"Que esse trabalho sirva de exemplo também para a companhia aérea. Que elas também coloquem pessoas que possam acompanhar essas bagagens que são despachadas, pois nós pagamos caro pelo serviço de despachar bagagens e nós desejamos, de fato, que isso nunca mais aconteça com nenhum brasileiro, pois só Jeanne e eu sabemos a dor e o impacto que esses 38 dias de prisão geraram em nossas vidas", desabafou.

Que isso nunca mais aconteça com nenhum brasileiro, pois só Jeanne e eu sabemos a dor e o impacto que esses 38 dias de prisão geraram em nossas vidas

Kátyna Baía, 44

uma das brasileiras presas injustamente

Nesta terça, a Polícia Federal realizou a segunda fase da Operação Colateral, que identificou os líderes da organização criminosa. Foram cumpridos 45 mandados judiciais, sendo 27 de busca e apreensão, dois de prisão preventiva e 16 de prisão temporária —dois seguem foragidos— nas cidades de Guarulhos e São Paulo.

As brasileiras Kátyna Baía e Jeanne Paollini, presas na Alemanha em 5 de março após terem as etiquetas das malas trocadas e colocadas em bagagens com cocaína, durante jantar após saírem da prisão - Divulgação - 11.abr..2023/Alexandre Vidal Porto

Cinco dos alvos dos mandados são suspeitos de serem os líderes e responsáveis pela operação criminosa. Eles conseguem a droga e determinam o dia do embarque, o destino e como ela é levada ao aeroporto, segundo as investigações. Desses cinco, quatro foram presos e um está foragido.

De acordo com o delegado da PF Felipe Faé Lavareda de Souza, há a possibilidade de que o esquema tenha ligação com o PCC (Primeiro Comando da Capital). A expectativa é analisar os materiais apreendidos na ação para comprovar essa ligação e também chegar a mais envolvidos.

Uma das hipóteses é de que a facção permitia a chegada da droga e a existência do esquema, mediante a cobrança de um valor.

No esquema, segundo a Polícia Federal, as malas com drogas entravam no aeroporto pelo setor nacional, depois eram desviadas para o internacional —com ajuda dos funcionários que integravam a quadrilha— e levadas de forma clandestina para as aeronaves.

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