Descrição de chapéu drogas

PF prende 16 suspeitos de integrar quadrilha que trocava malas no aeroporto de Guarulhos

Em março, brasileiras foram injustamente para a cadeia na Alemanha após ter etiquetas colocadas em bagagens com cocaína; PF apura ligação do bando com PCC

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São Paulo

Dezesseis pessoas foram presas nesta terça (18) em uma operação da Polícia Federal contra a quadrilha que trocava etiquetas de malas no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em um esquema usado para envio de drogas à Europa.

Esse tipo de fraude ganhou repercussão em março, quando duas brasileiras foram presas na Alemanha sob acusação de tráfico internacional de drogas. Kátyna Baía, 44, e Jeanne Paolini, 40, passaram mais de um mês na cadeia injustamente em razão da atuação da quadrilha. Elas tiveram a identificação da mala trocada e foram presas em Frankfurt acusadas de levar 40 kg de cocaína na bagagem.

Agora, na segunda fase da Operação Colateral, a polícia diz ter identificado os líderes da organização criminosa —cinco do total dos alvos dos mandados judiciais. Segundo a investigação, eles conseguem a droga e determinam o dia do embarque, o destino e como ela é levada ao aeroporto. Desses cinco, quatro foram presos e um está foragido.

PF durante operação contra quadrilha que trocava bagagens no Aeroporto Internacional de Guarulhos - Divulgação/PF

De acordo com o delegado Felipe Faé Lavareda de Souza, há a possibilidade de que o esquema tenha ligação com o PCC (Primeiro Comando da Capital). Uma das hipóteses é de que a facção permitia a chegada da droga e a existência do esquema, mediante a cobrança de um valor.

A expectativa da PF é analisar os materiais apreendidos na ação para comprovar essa ligação e também chegar a mais envolvidos.

No esquema, segundo a investigação, as malas com drogas entravam no aeroporto pelo setor nacional, depois eram desviadas para o internacional —com ajuda dos funcionários que integravam a quadrilha— e levadas de forma clandestina para as aeronaves.

Os executores do esquema eram funcionários do aeroporto e até de algumas companhias aéreas, de acordo com a apuração. No momento da prisão, dois suspeitos tentaram se livrar dos aparelhos celulares, segundo o delegado.

Um tentou quebrar o aparelho, que ficou com avarias. Outro jogou o celular pela janela da casa, no telhado do vizinho. Mesmo assim, ambos foram recuperados e apreendidos pela PF.

A PF estima que a quadrilha atuava havia dois anos no aeroporto de Guarulhos e que pode ter ramificações em outros terminais do Brasil, inclusive em Viracopos, em Campinas (interior de SP).

À época da prisão das brasileiras, a própria PF do aeroporto de Guarulhos identificou e prendeu os responsáveis que atuaram no aeroporto. O órgão comprovou a troca de etiquetas e demonstrou a inocência das brasileiras, que, após o envio das provas às autoridades alemãs, foram soltas e retornaram ao Brasil.

O aprofundamento das investigações levou a PF a identificar os mandantes do crime e outros integrantes da organização, que também teriam enviado cocaína em outras duas oportunidades, uma para Portugal, em outubro de 2022, e outra para a França, em março deste ano.

Na operação desta terça, entre os 16 presos estão os suspeitos de executar os três episódios de tráfico internacional de drogas, segundo a PF, e os mandantes. Eles seriam os responsáveis pelo envio de mais de 120 kg de cocaína para a Europa.

Kátyna Baía, uma das brasileiras presas injustamente na Alemanha, comemorou a prisão dos mandantes e de integrantes da quadrilha que operava o esquema.

"Hoje, Jeane e eu vamos esquecer as nossas dores físicas e emocionais para comemorar com vocês uma conquista que é de toda a nação brasileira. Após um trabalho de grande maestria e muita investigação, a Polícia Federal, hoje, prendeu vários integrantes dessa quadrilha que fez Jeanne e eu, e tantos brasileiros vítimas, deixando pessoas vulneráveis aos despacharmos as malas", disse em vídeo enviado à Folha por sua advogada, Luna Provázio.

Além de comemorar as prisões de pessoas apontadas como integrantes da quadrilha, Baía fez apelo para que as companhias aéreas reforcem a segurança após o despacho das bagagens.

"Que esse trabalho sirva de exemplo também para a companhia aérea. Que elas também coloquem pessoas que possam acompanhar essas bagagens que são despachadas, pois nós pagamos caro pelo serviço de despachar bagagens e nós desejamos, de fato, que isso nunca mais aconteça com nenhum brasileiro, pois só Jeanne [Paolini] e eu sabemos a dor e o impacto que esses 38 dias de prisão geraram em nossas vidas", desabafou.

Erramos: o texto foi alterado

A Polícia Federal prendeu 16 pessoas na operação e não 17 conforme havia informado anteriormente. O texto e o título foram corrigidos.

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